Estudo aponta que novos cenários de transmissão da Covid-19 e risco podem surgirReprodução
A proporção de casos de internações entre idosos, hoje em 37,5%, já esteve em 27,1% (SE 23, referente ao período de 6 a 12 de junho). No caso da proporção do número de óbitos, que, na mesma semana 23, esteve em 44,6%, o percentual está em 62,1%. A análise ainda indica redução importante da proporção de internações nas faixas etárias de 50 a 59 anos e uma diminuição discreta na faixa de 40 a 49 anos. Os cientistas chamam a atenção de que qualquer conclusão sobre a mudança apontada no perfil da pandemia no Brasil ainda é precoce e deve ser acompanhada de perto nas próximas semanas.
A análise também reforça que o perfil de mortalidade por idade em países de baixa e média renda, como é o caso do Brasil, é diferente do observado em países ricos. Os mais jovens enfrentam um risco maior de morrer em países em desenvolvimento do que em países de alta renda. Isso ocorre porque as populações não idosas nesses países têm uma maior incidência de doenças preexistentes e menos acesso a tratamento e cuidados que potencialmente salvam vidas.
Além disso, ainda conforme a pesquisa, as taxas de emprego informal mais altas, transportes públicos superlotados e habitações precárias e muitas pessoas para poucos cômodos, características de países de baixa renda, colocam as pessoas em maior risco de exposição ao Sars-CoV-2.
De acordo com a Fiocruz, a boa notícia desta edição é que foi verificada queda de incidência e mortalidade por Covid-19. Entretanto, os números ainda seguem preocupantes. A taxa de mortalidade diminuiu 1,3% ao dia, enquanto a taxa de incidência de casos de Covid-19 foi reduzida em 0,3% por dia.
"O elevado patamar de risco de transmissão do vírus Sars-CoV-2 pode ser agravado pela maior transmissibilidade da variante Delta, em paralelo ao lento avanço da imunização entre os grupos mais jovens e mais expostos, combinado com maior circulação de pessoas pelo retorno das atividades de trabalho e educação. Nesse sentido, é importante refutar a ideia de que a vacinação protege integralmente as pessoas de serem infectadas e transmitir o vírus, o que pode se tornar um risco adicional com a nova variante de preocupação Delta", alertam os pesquisadores.
Taxas de ocupação de leitos
As taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 para adultos no SUS continuam melhorando. Dezenove estados se encontram fora da zona de alerta, ou seja, registram taxas de ocupação inferiores a 60%. Outros seis estados e o Distrito Federal estão na zona de alerta intermediário (taxas de ocupação iguais ou superiores a 60% e inferiores a 80%) e somente um estado, Goiás, na zona de alerta crítico (taxa superior a 80%).
As quedas no indicador atingiram pelo menos cinco pontos percentuais em Roraima (68% para 58%), Pará (61% para 54%), Tocantins (71% para 64%), Maranhão (65% para 57%), Paraíba (34% para 26%), Alagoas (46% para 26%), Sergipe (45% para 37%), Minas Gerais (56% para 51%), São Paulo (55% para 49%), Paraná (64% para 59%), Rio Grande do Sul (65% para 60%) e Distrito Federal (83% para 61%). O Nordeste do país está todo fora da zona de alerta do indicador, onde também se somam o Norte, exceto por Tocantins, o Sudeste, exceto pelo Rio de Janeiro, e o estado do Paraná, localizado na região Sul.
Duas capitais estão com taxas de ocupação de leitos de UTI Covid-19 superiores a 80%: Rio de Janeiro (94%) e Goiânia (94%). Oito capitais estão na zona de alerta intermediário: São Luís (69%), Fortaleza (65%), Belo Horizonte (60%), Curitiba (67%), Porto Alegre (66%), Campo Grande (74%), Cuiabá (74%) e Brasília (61%).
Em relação aos casos de SRAG, observa-se que São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Acre, Goiás, Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal encontram-se com taxas superiores a 10 casos por 100 mil habitantes. Os demais estados possuem taxas inferiores, no entanto, ainda são superiores a um caso por 100 mil habitantes. Como os casos de SRAG são essencialmente severos, que demandam hospitalização, ou casos que vieram a óbito, estas taxas preocupam por impor demanda significativa ao sistema hospitalar.
O projeto InfoGripe indica estimativas para estas semanas que colocam a maior parte do país em estabilidade nas taxas de incidência de SRAG. Alguns estados como Mato Grosso do Sul, Pará e Acre estão com tendência de aumento na incidência. São Paulo, Espírito Santo, Paraíba, Bahia, Sergipe, Roraima, Tocantins e Maranhão tem tendência de redução nos casos. Os demais estados encontra-se em situação de estabilidade. Entretanto, tal cenário não é confortável para a saúde pública, uma vez que a transmissão permanece elevada.
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