Empresário Otávio Fakhoury, vice-presidente do Instituto Força Brasil, depõe nesta quinta-feira, 30Leopoldo Silva/Agência Senado

Brasília - As mensagens do empresário Otávio Oscar Fakhoury, vice-presidente do Instituto Força Brasil, consideradas ofensivas à honra de senadores serão compartilhadas pela CPI da Covid com o inquérito das fake news em curso no Supremo Tribunal Federal (STF). O pedido foi feito pelo vice-presidente da CPI, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), e aceito pelo presidente do colegiado, senador Omar Aziz (PSD-AM).

Randolfe chamou atenção especial às menções de Fakhoury ao senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que classificou como “linguagem de ódio”, mas salientou que outros senadores teriam sido ofendidos pelo empresário. Fakhoury reiterou que já se retratou quanto à mensagem contra Contarato.
No final da sessão, q CPI aprovou requerimento de convocação de Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho, diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O pedido foi apresentado por Randolfe. Além disso, outro requerimento foi a convocação para depor os médicos George Joppert e Andressa Joppert, demitidos da Prevent Senior em junho do ano passado.

Ataque homofóbico
Durante o depoimento do empresário, o senador Contarato que sofreu um ataque homofóbico proferido pelo depoente em publicação no Twitter. Contarato se encaminhou à tribuna para relatar o caso. Na postagem, exibida na CPI, o empresário responde uma publicação do senador, na qual há um deslize ortográfico, e aproveita para ironizar o erro com um comentário homofóbico.
“Fabio Wajngarten tem que sair preso da CPI. Há estado fragrancial configurado! Cúmplice de Bolsonaro, ele mentiu e omitiu a verdade sobre a criminosa gestão que tem no Planalto o principal aliado do coronavírus”, diz a publicação inicial de Contarato. No texto, ele troca o “l” pelo “r” na palavra “flagrancial''.
Otávio se aproveita do erro e, em resposta, publica um comentário homofóbico. “O delegado, homossexual assumido, talvez estivesse pensando no perfume de alguma pessoa ali daquele plenário… “Quem seria o perfumado que lhe cativou?”, diz a postagem.
“Eu aprendi, senhor Otávio, que a orientação sexual não define o caráter, que a cor da pele não define o caráter e que o poder aquisitivo não define o caráter”, disse o senador.
Em discurso com a voz embargada, Contarato defendeu os direitos da população LGTQIA+ e apontou a contradição no discurso inicial do depoente, em que o mesmo havia declarado defender os princípios da moralidade e da legalidade.
“Assim como Martin Luther King teve um sonho, eu também tenho um sonho. Eu sonho com o dia em que eu não vou ser julgado por minha orientação sexual. Eu sonho com o dia em que meus filhos não serão julgados por serem negros. Eu sonho com o dia em que minha irmã não será julgada por ser mulher e que meu pai não será julgado por ser idoso”, declarou.
“O senhor é o tipo de pessoa que retrata muito bem esse presidente da República. Fala na família tradicional, mas a minha família não é pior do que a sua. A mesma certidão de casamento que o senhor tem, eu também tenho”, completou Contarato.
Ao final da fala do senador, o depoente se desculpou e afirmou que o comentário não teve intenção de ofender. “Eu entendo como isso possa ter lhe ofendido profundamente e me retrato diante todos e a todos que se sentiram ofendidos com esse comentário”.
O vice-presidente da comissão pediu para que o depoimento de Contarato fosse registrado e encaminhado ao Ministério Público Federal (MPF) para investigação de eventual crime de homofobia.
Indiciamento 
O senador Rogério Carvalho (PT-SE) disse que a CPI deve indiciar Fakhoury por difusão de notícias falsas que estimularam o comportamento de risco em relação à covid-19.
"Ele é suspeito de financiar uma rede de fake news. É preciso que nós tenhamos a clareza que notícias falsas em tempo de pandemia significa orientar de forma errada as pessoas. Com isso, pode aumentar o risco dessas pessoas se infectarem e aumentar a taxa de morte. Ele deve responder na Justiça e deve ser indiciado pela CPI pela difusão de notícias falsas", disse o senador.

*Com informações da Agência Senado