Ex-presidente Lula (PT)Divulgação

Durante uma entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 19, o ex-presidente Lula (PT) afirmou que o Brasil está sem governo e que o presidente Jair Bolsonaro (PL) é submisso ao Congresso Nacional. Ainda em seu discurso, o petista declarou que "não imaginava que iríamos ter um retrocesso como estamos tendo agora".
“Não conheço, na história da República brasileira desde Deodoro da Fonseca, um presidente tão submisso ao Congresso Nacional. Mas não é submisso a um Congresso Nacional democrático, a um Congresso Nacional que pensa o Brasil desenvolvido, estudado, evoluído. É submisso àquilo que tem de mais atrasado na política brasileira”, comentou Lula.
"Eu não imaginava que iríamos ter um retrocesso como estamos tendo agora. Eu não imaginava que um país que foi capaz de realizar as Diretas Já, um país que alcançou a sexta maior economia do mundo. Eu não imaginava que pudéssemos retroceder tanto", acrescentou.
O ex-presidente também aproveitou a oportunidade para criticar o que ele considera uma "falta de sensibilidade do atual governo com as questões sociais e com as ações de combate à pandemia".

"Falar que vai fazer uma consulta sobre vacinação em criança é uma das coisas mais absurdas neste país. Ainda mais em um país que já foi respeitado no mundo pela cultura de vacinação, abolindo várias doenças que agora começam a voltar". 
Além disso, Lula criticou a perda de empregos e de poder aquisitivo por parte dos trabalhadores. Segundo o petista, é plenamente possível "melhorar a vida do povo brasileiro": "O Brasil precisa se dar conta que é plenamente possível melhorar a vida do povo brasileiro. É possível estudar, trabalhar, fazer três refeições por dia. É possível acreditar que podemos comer o churrasquinho e quem não come carne, que possa comer o que desejar".
Eleições
Durante a entrevista, Lula não deixou de fora a possibilidade de voltar a ocupar o cargo de presidente da República e garantiu que num eventual novo governo fará o que puder para evitar o genocídio do povo negro da periferia e do povo pobre como um todo. “Ninguém precisa ter medo porque Lula não vai perseguir ninguém. Meu compromisso é com o povo, não fazer nada contra os outros”, afirmou.
Ele acrescentou, ainda, que o Brasil só será soberano, democrático e respeitado quando todo mundo tiver acesso aos bens que ajuda a produzir. “Uma sociedade com pouco para muitos e muito para poucos não dá certo”. Para o ex-presidente, na definição de prioridades, em vez de teto de gastos, um governo comprometido com o povo e a classe trabalhadora deve pensar em assegurar comida, salário, educação e saúde para que as pessoas possam viver bem.
“Eu morei num quarto e cozinha com 13 pessoas. Então, eu tenho consciência do que este povo está passando. Então, eu não posso mentir. Eu não posso chegar aos 76 anos e dizer gente, olha, eu ganhei, mas não dá para fazer as coisas, desculpa, eu tenho que atender o mercado, desculpa, eu tenho que atender a Faria Lima, eu preciso ter responsabilidade fiscal, eu preciso respeitar o teto de gastos. E o teto de comida, o teto de salário, o teto de saúde, quem é que vai devolver para esse povo?”, questionou.
“É preciso discutir o papel do Estado no cumprimento das suas responsabilidades com a sociedades”, concluiu.