As diretrizes estabelecidas pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde, a Conitec, foram rejeitadas pelo Ministério da Saúde. A decisão está publicada em portarias publicadas nesta sexta-feira, 21, no Diário Oficial da União.
Em maio e dezembro, a Conitec, órgão ligado à pasta responsável pelos protocolos adotados no SUS orientou a não utilização do chamado kit covid, composto por tratamentos sem eficácia, como cloroquina e ivermectina em nenhuma hipótese.
Desde então, os técnicos enfrentam a resistência do Ministério, já que os medicamentos são uma das bandeiras do governo e seus aliados durante a pandemia. Hélio Angotti Neto, chefe da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos estratégicos em Saúde assinou a decisão.
Entre os motivos, Angotti Neto disse que há "incerteza e incipiência do cenário científico diante de uma doença em grande parte desconhecida" - mesmo que a comunidade médica já tenha se posicionado amplamente contra o uso desses medicamentos, bem como a própria Organização Mundial da Saúde.
A imprensa também foi citada como um dos motivos por que as diretrizes fossem barradas. Segundo Angotti Neto, houve "repetidos vazamentos de informações com intenso assédio da imprensa e de agentes políticos da CPI da Covid sobre membros da Conitec". A Comissão, no entanto, detectou que houve pressão de governistas para que o kit covid fosse aceito pela Conitec.
A decisão de não recomendar o kit foi tomada em uma votação que acabou em 7 a 6, resultado atípico na Conitec, segundo Angotti Neto. Os votos contrários vieram do Conselho Federal de Medicina e de cinco secretarias do governo. Segundo a Rádio CBN, o chefe da secretaria pediu a demissão de uma das auxiliares que votou a favor do relatório que contraindica o kit covid, Vânia Canuto.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.