Brasília - No centro da polêmica que colocou o nazismo como tema de debate de muitos brasileiros, o deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) se desculpou publicamente após a controversa declaração dada durante a transmissão do "Flow Podcast", na segunda-feira. Durante a discussão com o apresentador Monark, desligado da empresa após a repercussão negativa e debandada de patrocinadores, o parlamentar considerou que "a Alemanha errou ao criminalizar o partido nazista".
"Eu errei, eu disse algo que ofende a comunidade judaica. Que faz com que ela se sinta ameaçada. Eu errei e a comunidade judaica tem razão de me criticar por eu ter dito esse absurdo", disse durante uma live com o deputado estadual Heni Ozi Cukier (Novo).
A repercussão do caso foi desastrosa. Repudiada pela comunidade judaica, uniu até oponentes políticos, casos de congressistas do PT e Eduardo Bolsonaro (PSL). No dia seguinte, o procurador-geral da República, Augusto Aras, determinou a abertura de uma investigação sobre suposto crime de apologia do nazismo praticado por Monark e por Kataguiri.
Nesta quarta, o PT acionou o Conselho de Ética da Câmara contra o deputado do Podemos, alegando "a defesa aberta a descriminalização de uma doutrina que prega a disseminação de ódio e intolerância, o Deputado Federal representado se distancia de seus deveres constitucionais e deixa de ser amparado pela imunidade parlamentar material". Diversos parlamentares defenderaam que o deputado tenha o mandato cassado. Enquanto isso, bolsonaristas pediram que Kim, ligado ao Movimento Brasil Livre (MBL), renuncie o cargo.
"Determino, ainda, que se abstenham de novamente incluir em quaisquer de seus perfis em redes sociais, sob qualquer meio direto ou indireto, e de publicarem, em redes que tenha alcance por áudio tal como Spotfy, o conteúdo descrito na petição inicial, sob pena de multa de R$ 10.000,00, por cada veiculação indevida", dizia um trecho da decisão.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) já havia confirmado ainda na terça-feira a abertura de um procedimento para apurar a prática de eventual crime de apologia ao nazismo por parte de Kim e Monark. O pedido foi uma determinação do procurador-geral da República, Augusto Aras.
"O nazismo não necessariamente incita a violência. Incita a supremacia de uma raça. O que eu acho uma m* e tem gente burra que acredita nisso", afirmou o influenciador sobre o movimento surgido na Alemanha no século 20, que pregava entre outras ideias o antissemitismo e promoveu o Holocausto – extermínio de seis milhões de judeus e outras minorias", continuou ele.
Além disso, ele usou uma suposta fala de um membro partidário do PCO para argumentar que os partidos com bandeiras ideológicas comunistas também não deveriam existir em razão das declarações que violam os direitos humanos. No entanto, o parlamentar não detalhou quais eram as circunstâncias na suposta declaração do membro partidário.
"Quando o Rui Costa, do PCO, fala em fuzilar burguês, por exemplo, aquilo está contemplado pela liberdade de expressão. Pelo menos no entendimento de hoje. E isso entra em contradição com violação de Direitos Humanos. Então, por essa definição, o partido comunista não deveria existir", disse Kim.
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