Presidente Jair Bolsonaro (PL) Alan Santos

Rio - O presidente Jair Bolsonaro confirmou neste sábado (12) sua visita à Rússia na próxima terça-feira, apesar da tensão extrema sobre a Ucrânia, onde os Estados Unidos consideram iminente uma invasão russa.
"Na segunda-feira devemos estar decolando para a Rússia (...) Fui convidado pelo presidente [Vladimir] Putin", disse Bolsonaro em uma transmissão em suas redes sociais, após entrevista à rádio Tupi, de Campo de Goytacazes.
Segundo vários analistas, Washington pressionou para que o presidente brasileiro cancelasse sua viagem, concentrada oficialmente na promoção das relações comerciais bilaterais, diante da ameaça latente de uma guerra na Europa.
Enquanto os telefonemas destinados a fazer a diplomacia prevalecer sobre um conflito se multiplicaram neste sábado entre líderes ocidentais e a Rússia sem conseguir diminuir a tensão, Jair Bolsonaro recorreu à fé.
"A gente pede a Deus para que reine a paz no mundo para o bem de todos nós", afirmou.
Em sua viagem, segundo o presidente, serão abordados temas de interesse bilateral, como agricultura, energia e defesa.
Com um total de 7,29 bilhões de dólares em 2021, o comércio russo-brasileiro é modesto.
Mas "o Brasil depende em grande parte de fertilizantes da Rússia", disse Bolsonaro.
Os fertilizantes representam cerca de 60% das compras que o país faz da Rússia e são essenciais para o Brasil, grande produtor e exportador agrícola mundial.
O Brasil segue defendendo o "diálogo" na crise russo-ocidental e tem sido cauteloso em não tomar partido, concentrando-se em questões bilaterais nesta viagem.
Mas os Estados Unidos em particular temem que a visita seja vista como um sinal de apoio ao presidente russo.
Com papel de equilibrista, o Itamaraty celebrou nesta sexta-feira o 30º aniversário das relações diplomáticas com a Ucrânia, lembrando em um comunicado de imprensa os "múltiplos contatos de alto nível" desde que o Brasil "reconheceu a independência ucraniana", em 1991.