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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) classificou nesta quinta-feira, 7, como "normal" a sugestão dada por ele - para que apoiadores mapeiem o endereço dos parlamentares para "incomodar a tranquilidade deles". A fala gerou repercussão entre deputados bolsonaristas na quarta-feira e, ao menos dois deles, chegaram a afirmar que pegariam armas de fogo contra o petista e seus apoiadores nesse cenário de "visitas".
"Eu acho que é muito engraçado as pessoas tratarem uma sugestão que fazia quando era dirigente sindical como se fosse uma anormalidade. Eu fui presidente da República por oito anos. Muitas vezes eu cheguei no Palácio da Alvorada de madrugada e tinha gente esperando para reivindicar alguma coisa. Eu parava para conversar", disse o ex-presidente em entrevista à Rádio Jangadeiro de Fortaleza.
Para o petista, sua sugestão foi uma forma mais eficaz de a população entrar em contato direto com os seus representantes. "Qual o mal disso? Ou será que o deputado quer morar escondido? Ou o deputado não quer que saibam onde ele mora? Eu falei uma coisa tão normal", disse. "Lamentavelmente, me parece que tem deputado que não quer conversar com o povo, só nas eleições."
O pedido do petista à militância gerou repercussão entre os apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). O deputado federal Junio Amaral (PL-MG), que é policial militar reformado, usou suas redes sociais para divulgar um vídeo em que aparece empunhando uma pistola. Na publicação, ele afirma, de forma irônica, que iria aguardar a "turma" do petista chegar em sua casa. "Serão muito bem-vindos", disse ele, enquanto carrega a arma.
A publicação foi entendida pela bancada do PT na Câmara como uma ameaça ao ex-presidente. O partido entrou com uma representação no Conselho de Ética da Câmara contra Amaral, solicitando a abertura de processo ético disciplinar no conselho por quebra de decoro parlamentar.
Para especialistas em direito, ética e ciência política ouvidos pelo Estadão, a declaração do ex-presidente foi "populista e "inconsequente". Do ponto de vista do direito, entretanto, a avaliação é que não houve crime na declaração do petista.