Pré-candidatos se manifestam sobre ataques russos em cidades na UcrâniaReprodução
Em pesquisa do início de abril do Idea Big Data, 57% dos entrevistados disseram que Jair Bolsonaro não merece ser reeleito e 52% responderam que Luiz Inácio Lula da Silva não merece voltar à Presidência. "Há uma polarização, uma descrença no processo, um sentimento raivoso evidente", disse o pesquisador ao Estadão.
Maurício falou também sobre variáveis que tornam a eleição presidencial deste ano mais acirrada e polarizada do que as anteriores.
"Esta não será uma eleição padrão. Existe uma polarização entre duas forças muito fortes na opinião pública. A primeira é o antipetismo, que ocupa as eleições presidenciais desde 1989. Na reta final do primeiro turno, algum candidato acaba sendo o depositário desse antipetismo. Dependendo da maneira que você pergunta e da pesquisa que acessa, estamos falando de 40% a 45% do eleitorado com rejeição ao PT. E existe a força antibolsonarista, que é principalmente antigoverno", destacou o pesquisador.
O pesquisador lembrou ainda do tensionamento entre os Poderes, como no caso do Executivo e do Judiciário na condenação de Daniel Silveira, e como isso afeta o cenário eleitoral.
"Somando quem não confia na urna (31%) e quem confia pouco (36%), temos mais da metade dos brasileiros (67%). Isso é algo inédito nas eleições presidenciais brasileiras. Quem não acredita na urna não acredita que o processo é legítimo e, portanto, não vê legitimidade em quem reporta o resultado e, consequentemente, no vencedor. Isso tira a legitimidade de toda a cadeia. Nós não tivemos nenhum evento traumático nos últimos quatro anos que justificasse esse aumento no número de pessoas que desconfiam da urna", disse.
Ainda segundo o pesquisador, há risco de haver, no Brasil, episódios como o ataque ao Capitólio, tendo em vista que a polarização e a descrença que vem sendo depositada no processo eleitoral.
"Vemos 15% do eleitorado que está disposto a ir a manifestações se não concordar com o resultado das eleições. É um número significativo. Vemos nas pesquisas e nas análises um sentimento bastante raivoso, semelhante ao que vimos nos EUA. Há um sentimento bélico que não observamos em 2018. Todos os indícios estão diante de nós. Há uma polarização, uma descrença no processo, um sentimento raivoso evidente. O Brasil não convive com a violência eleitoral como outros países, mas vejo probabilidade alta de ter eventos de violência neste ano. Não é uma eleição normal. Se encararmos como uma eleição normal, vamos ter problemas", completou.
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