Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão Alan Santos/PR

O vice-presidente e senador eleito Hamilton Mourão (Republicanos) defendeu na quarta-feira, 7, que o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) entregue a faixa presidencial ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A afirmação foi feita durante uma entrevista à CNN Brasil. Mourão ainda sugeriu que Bolsonaro, em um gesto altivo e desafiador, diga no ouvido de Lula: "fica atento que eu vou estar olhando tudo aquilo que você tá fazendo". O presidente já havia sinalizado a sua vontade de não realizar essa tradição na cerimônia de posse que acontece no dia 1º de janeiro.
O senador afirmou que não pretende substituir o mandatário, caso ele realmente decida não participar do ato evento: "A faixa é um ato do presidente da República que sai para o presidente que entra. Não compete a mim, eu não posso vestir aquela faixa, tirar e entregá-la ao presidente Lula. Se for para entregá-la dobradinha, outra pessoa que o faça. Ainda temos um tempo até lá, vamos ver o que vai acontecer", disse o vice-presidente.
Segundo Mourão, Bolsonaro deve "estufar o peito, erguer a cabeça, e se mostrar como líder da oposição", deixando claro que ficará atento às atitudes do novo governo. "Sou um fã do Winston Churchill. Ele disse que na vitória nós temos que ser magnânimos e na derrota temos que ser altivos e desafiadores".

Quando questionado sobre como Bolsonaro tem reagido desde o resultado da eleição do segundo turno no dia 30 de outubro, — se mantendo isolado, sem dar entrevista e com poucos eventos na agenda — o senador afirma que prefere não julgar a reação das pessoas e que o presidente não esperava a derrota.
"Eu vejo que o presidente sentiu. Ele ganhou sete eleições para deputado, uma eleição para presidente e uma para vereador. Era uma eleição difícil. Nós enfrentamos enfrentamos uma oposição forte e ainda tinha a questão das pesquisas defasadas", disse.
Sobre os atos antidemocráticos de manifestantes contrários à vitória de Lula que seguem nas ruas, o vice-presidente disse que este movimento é "pacífico e ordeiro", com casos esporádicos com "com limitação e para circulação de veículos e outras pessoas", como os bloqueios nas rodovias, que foram solucionados rapidamente.
"Na minha avaliação de risco, eu julgo que não poderá ocorrer nenhum tipo de protesto violento. O protesto vai continuar acontecendo. Testar a democracia é válido, isso faz parte do jogo democrático.”
Ele afirmou que entende a frustração dessas pessoas e tem tentado explicar aos manifestantes que a derrota nas eleições faz parte do jogo político. "O erro no processo ocorreu lá atrás, quando a Suprema Corte anulou os processos do presidente Lula e colocou ele de volta no jogo político. (...) Temos que entender que ao aceitar participar desse jogo, nós poderíamos peder.", declarou.
Mourão ainda defendeu que a oposição ao novo governo se mantenha unida e responsável, "Nós temos que nos manter unidos, continuar a luta política com as armas que nós possuímos. Ou seja, dentro do Congresso Nacional, com as bancadas que eles (apoiadores de Bolsonaro) elegeram e com as assembleias legislativas nos estados."