Marília Mendonça faleceu aos 26 anos em acidente de aviãoreprodução
De acordo com Sérgio Alonso, outras modificações foram realizadas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), como a criação de um procedimento de aproximação visual e o aumento da altitude de tráfego de mil para 1,3 mil pés. Ele sustentou que o acidente teria sido evitado se todas essas medidas tivessem sido tomadas antes.
O defensor criticou a decisão da Polícia Civil de atribuir negligência à tripulação, visto que a agência solicitou o arquivamento do caso devido às mortes de todos a bordo da aeronave. Segundo ele, tecnicamente, os detetives não deveriam ter emitido uma conclusão imediatamente após a investigação, sem dar oportunidade para a defesa.
O Estadão entrou em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais para obter um posicionamento sobre as preocupações do advogado, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto.
Conclusão apontou falhas dos pilotos
Durante uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, a Polícia Civil de Minas Gerais atribuiu a queda da aeronave que resultou na morte da cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas devido a erros cometidos pelos pilotos. Um dos delegados responsáveis pelo caso afirmou que a tripulação, por circunstâncias até então inexplicáveis, agiu com negligência e imprudência.
O relatório da investigação concluiu que a aeronave não apresentava problemas técnicos, e a polícia descartou a possibilidade de um mal súbito dos tripulantes. O avião colidiu com uma torre de transmissão em Caratinga, Minas Gerais, em 2021.
De acordo com os delegados, a tripulação não seguiu os procedimentos de segurança adequados durante o voo e saiu da zona de proteção da rota prevista. A polícia também descartou a hipótese de crime ambiental devido a vazamento de combustível da aeronave.
Relatório do Cenipa
Em maio, um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira, também descartou falha mecânica como uma das causas do acidente. Ao analisar os "fatores contribuintes" para o acidente, o relatório registrou que o "julgamento de pilotagem" foi um fator que contribuiu para a queda da aeronave.
Em relação ao perfil de aproximação para pouso em Minas Gerais, o relatório indicou que houve uma avaliação inadequada dos parâmetros de operação da aeronave, já que a perna de vento foi estendida significativamente além do esperado para uma aeronave da 'Categoria de Performance B' em procedimentos de pouso visual.
De acordo com o relatório, o avião estava mais baixo do que o adequado para realizar o pouso. O órgão sugeriu que a tripulação pode ter direcionado sua atenção para a pista, em vez de manter uma separação adequada do terreno durante a aproximação visual.
O relatório também esclareceu que o cabo para-raios com o qual o avião colidiu inicialmente não necessitava de sinalização, pois estava fora da área considerada zona de proteção do aeroporto.
A investigação do Cenipa envolveu uma equipe multidisciplinar composta por 30 militares e civis do órgão, incluindo especialistas em Fator Operacional (pilotos e mecânicos de aeronaves), Fator Humano (médicos e psicólogos), Fator Material (engenheiros), além de Consultores Técnicos do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Durante uma coletiva de imprensa na época da divulgação do relatório, o advogado da família de Marília isentou o piloto de culpa e pediu a instalação de identificadores nos fios das linhas de transmissão. "A intenção da dona Ruth (mãe de Marília) e dos familiares não é apontar culpados. Não estamos aqui para uma caça às bruxas. [...] O objetivo de todos, na verdade, é evitar que situações como as que ocorreram com a filha dela se repitam, para que nenhuma família tenha que enfrentar a dor e a perda que eles enfrentaram", declarou.
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