Marília Mendonça faleceu aos 26 anos em acidente de aviãoreprodução

O advogado da família do piloto Geraldo Martins de Medeiros Junior, Sérgio Alonso, criticou, nesta quinta-feira (5), a conclusão da investigação da Polícia Civil de Minas Gerais sobre o acidente de avião que resultou na morte da cantora Marília Mendonça e de outras quatro pessoas. Na quarta-feira (4), a polícia atribuiu a responsabilidade do acidente a um erro do piloto e do co-piloto do voo, Tarcísio Pessoa Viana. Alonso, que representa a filha do comandante, classificou a conclusão como "injuriosa" e argumentou que não havia evidências técnicas sólidas para sustentá-la.
Segundo o advogado, o acidente teria sido causado pela falta de sinalização adequada na rede de distribuição com a qual o avião colidiu e pela ausência de uma carta de aproximação visual. Ele explicou que o Aeroporto de Caratinga (MG) está situado em um vale e que a rede elétrica estava posicionada diretamente na rota de voo sem a devida sinalização.
Além disso, também apontou mudanças feitas pouco depois do acidente, incluindo a instalação de sinalizações na rede pela Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).

De acordo com Sérgio Alonso, outras modificações foram realizadas pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (Decea), como a criação de um procedimento de aproximação visual e o aumento da altitude de tráfego de mil para 1,3 mil pés. Ele sustentou que o acidente teria sido evitado se todas essas medidas tivessem sido tomadas antes.

O defensor criticou a decisão da Polícia Civil de atribuir negligência à tripulação, visto que a agência solicitou o arquivamento do caso devido às mortes de todos a bordo da aeronave. Segundo ele, tecnicamente, os detetives não deveriam ter emitido uma conclusão imediatamente após a investigação, sem dar oportunidade para a defesa.

O Estadão entrou em contato com a Polícia Civil de Minas Gerais para obter um posicionamento sobre as preocupações do advogado, mas não recebeu resposta até a publicação desta matéria. O espaço permanece aberto.

Conclusão apontou falhas dos pilotos

Durante uma coletiva de imprensa realizada na quarta-feira, a Polícia Civil de Minas Gerais atribuiu a queda da aeronave que resultou na morte da cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas devido a erros cometidos pelos pilotos. Um dos delegados responsáveis pelo caso afirmou que a tripulação, por circunstâncias até então inexplicáveis, agiu com negligência e imprudência.

O relatório da investigação concluiu que a aeronave não apresentava problemas técnicos, e a polícia descartou a possibilidade de um mal súbito dos tripulantes. O avião colidiu com uma torre de transmissão em Caratinga, Minas Gerais, em 2021.

De acordo com os delegados, a tripulação não seguiu os procedimentos de segurança adequados durante o voo e saiu da zona de proteção da rota prevista. A polícia também descartou a hipótese de crime ambiental devido a vazamento de combustível da aeronave.

Relatório do Cenipa

Em maio, um relatório do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira, também descartou falha mecânica como uma das causas do acidente. Ao analisar os "fatores contribuintes" para o acidente, o relatório registrou que o "julgamento de pilotagem" foi um fator que contribuiu para a queda da aeronave.

Em relação ao perfil de aproximação para pouso em Minas Gerais, o relatório indicou que houve uma avaliação inadequada dos parâmetros de operação da aeronave, já que a perna de vento foi estendida significativamente além do esperado para uma aeronave da 'Categoria de Performance B' em procedimentos de pouso visual.

De acordo com o relatório, o avião estava mais baixo do que o adequado para realizar o pouso. O órgão sugeriu que a tripulação pode ter direcionado sua atenção para a pista, em vez de manter uma separação adequada do terreno durante a aproximação visual.

O relatório também esclareceu que o cabo para-raios com o qual o avião colidiu inicialmente não necessitava de sinalização, pois estava fora da área considerada zona de proteção do aeroporto.

A investigação do Cenipa envolveu uma equipe multidisciplinar composta por 30 militares e civis do órgão, incluindo especialistas em Fator Operacional (pilotos e mecânicos de aeronaves), Fator Humano (médicos e psicólogos), Fator Material (engenheiros), além de Consultores Técnicos do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Durante uma coletiva de imprensa na época da divulgação do relatório, o advogado da família de Marília isentou o piloto de culpa e pediu a instalação de identificadores nos fios das linhas de transmissão. "A intenção da dona Ruth (mãe de Marília) e dos familiares não é apontar culpados. Não estamos aqui para uma caça às bruxas. [...] O objetivo de todos, na verdade, é evitar que situações como as que ocorreram com a filha dela se repitam, para que nenhuma família tenha que enfrentar a dor e a perda que eles enfrentaram", declarou.
Morte precoce da cantora comoveu o país
Marília faleceu aos 26 anos após o acidente com o avião de pequeno porte, que caiu em uma cachoeira. Além dela e dos pilotos, o produtor Henrique Ribeiro e o tio e assessor Abicieli Silveira Dias Filho também perderam a vida no acidente. O avião partiu de Goiânia com destino a Caratinga, onde Marília tinha um show programado para a noite.
A artista vivia o auge da carreira e era a principal representante do sertanejo, o ritmo mais popular no país. Nascida em Cristianópolis e criada em Goiânia, Marília começou a cantar ainda na igreja aos 12 anos de idade. Relembre os momentos mais marcantes da carreira da cantora e confira algumas informações sobre sua vida pessoal.
 *Com informações do Estadão Conteúdo