Seca severa no Amazonas atinge, sobretudo, o município de Envira Defesa Civil do Amazonas
Segundo a Defesa Civil de Envira, um dos quatro poços que abastecem a cidade secou, ocasionando o racionamento. O caminhão tem distribuído até 30 mil litros de água em três bairros afetados, de segunda a sexta-feira. As caixas d’água, porém, só têm capacidade para 10 mil litros. Por isso, são necessárias três idas por dia em cada bairro.
"Começamos com a distribuição de água na segunda, quarta e sexta-feira, mas, com a demanda, agora estamos indo em todos os dias úteis da semana. Pelo nosso cronograma, avaliamos que outro bairro deve entrar na lista", disse o secretário da pasta, Ismael Dutra, ao Estadão.
Comida e Remédios
Em 2023, o ápice da seca na região aconteceu em setembro. Neste ano, o cenário mais crítico já é visto agora, quando não só falta água na região urbana do município, mas também alimentos e medicamentos no perímetro rural.
De acordo com ele, além das 7 mil pessoas afetadas na zona urbana, há outras 3 mil prejudicadas com a seca na área rural, incluindo populações tradicionais. O total (10 mil) já é mais da metade da população do município (17 mil), segundo o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Uma das comunidades isoladas é a Aldeia Macapá, no Rio Acuraua, que abriga 500 pessoas do povo Kulina.
"Não conseguimos ajudar todas as comunidades e precisamos da ajuda dos governos. Antes você chegava lá na Macapá em uma viagem de 4 horas. Hoje essa mesma distância é percorrida em três dias em canoa pequena que só comporta duas pessoas."
Fato histórico
"Muito provavelmente vamos ter um período de seca bastante significativo, próximo do que aconteceu em 2023, quando ocorreu a maior estiagem da história da região, considerando que os valores das cotas, neste momento, estão mais baixos do que os níveis registrados no ano passado", disse o analista do Censipam, Flavio Altieri.
"Tenho 33 anos e nunca vi isso acontecer. A minha mãe, com 64 anos, diz o mesmo. Ver os nossos rios tão secos é algo que mexe muito com a gente. É uma crise humanitária similar ao que o país viu no Rio Grande do Sul. Somos o último município do Amazonas, ficamos muito longe da capital e não estamos acostumados a ver esses fenômenos", disse Dutra.
Estado
"Nós nos antecipamos. Lá no ano passado, a gente trouxe esse aprendizado: por exemplo, cesta básica, água e filtros, tudo isso já conta com processo licitatório", informou o governador Wilson Lima (União Brasil).
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