Mulheres enfrentam perdas de moradia, trabalho e renda devido à exploração de sal-gema pela BraskemCibele Tenório / Agência Brasil
A presidente da Federação dos Pescadores e Aquicultores de Alagoas (Fepeal), Maria Silva Santos, de 41 anos, disse, em entrevista à Agência Brasil, que o encontro com a ministra foi muito importante para levar as reivindicações de políticas públicas de todas as trabalhadoras diretamente afetadas. “O impacto ambiental para as mulheres marisqueiras causou, por exemplo, a obrigatoriedade de precisar trabalhar em local a mais de duas horas daquele em que tiravam seu sustento”, disse.
A ministra ouviu que mulheres perderam, além da moradia, a autorização para trabalhar em seus territórios, sofreram os efeitos da contaminação da água e também houve perda de renda para as famílias.
“Sofremos vários tipos de violência e não é só do tipo de ‘violência normal’, é também o racismo ambiental, a poluição dos nossos rios e mares”, disse a pescadora Ana Paula Santos, Rede de Mulheres Pescadoras da Costa dos Corais.
Tradição
Em Alagoas, existem 20.643 pescadores artesanais, sendo 58% mulheres, de acordo com dados do Sistema de Registro Geral da Atividade Pesqueira (2023). A estimativa é que existam 12 mil mulheres na pesca, inclusive em atividade informal, com renda média menor que um salário mínimo. Maria Santos, da Fepeal, afirma que está em processo um novo levantamento da realidade da categoria no estado.
Mudanças do clima
A secretária estadual da Mulher e dos Direitos Humanos, Maria Silva, afirmou que no atendimento das demandas dessas mulheres são observados, pelo poder público, fatores como dignidade, respeito, segurança, educação e saúde para trabalhar e criar os filhos.
Casa da Mulher
Segundo o ministério, o recurso será destinado à construção e à equipagem da unidade, que já tem terreno indicado pelo governo estadual. O equipamento contará com serviços de acolhimento e triagem, apoio psicossocial, delegacia, juizado, Ministério Público, Defensoria Pública, promoção de autonomia econômica, cuidado das crianças, alojamento de passagem e central de transportes.
Na ocasião, a ministra afirmou que o investimento vai garantir o atendimento integrado e humanizado às mulheres de Alagoas. O governador assinou a adesão ao Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios (PNPF), lançado em 2024.
“Precisamos unir forças para promover mudanças culturais, fortalecer políticas públicas e responsabilizar aqueles que insistem em perpetuar a violência”, frisou a ministra sobre a adesão ao pacto. A secretária Maria Silva disse que a casa é um “verdadeiro refúgio” para que as mulheres possam reconstruir suas vidas.
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