Protestos em Brasília criticam proposta de anistia e PEC da BlindagemReprodução / X

Artistas, políticos e movimentos sociais reuniram-se em protestos em 33 cidades, incluindo todas capitais brasileiras, neste domingo (21). A pauta, agrupou apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi uma forma de combater à chamada PEC da Blindagem, aprovada na Câmara na última semana, e à tentativa de anistia a envolvidos na trama golpista.

Em Brasília, a manifestação começou oficialmente às 10h e é marcada por críticas ao Congresso e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tido como um dos principais beneficiários da PEC da anistia. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) também é citado.

Os manifestantes carregam faixas com dizeres como "Congresso inimigo do povo", "sem perdão para golpistas" e "sem anistia". Um dos participantes do ato estimou, do caminhão de som, a presença de 30 mil pessoas. As forças de segurança pública ainda não lançaram estimativa de público.

Durante o ato, o ex-ministro José Dirceu (PT) fez críticas duras ao Poder Legislativo. "Para mudar esse País, temos que mudar o Congresso Nacional", afirmou.

Protestos acontecem ao longo do dia em mais de 30 cidades pelo Brasil, mobilizados por movimentos ligados ao PT e ao PSOL, e contam com a presença de artistas como, Djonga, Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan.
A capital mineira, Belo Horizonte, também registrou um grande protesto. A concentração aconteceu na Praça Raul Soares, na região central da cidade.
As manifestações contaram com cerca de 50 mil pessoas, segundo os organizadores. A Polícia Militar afirmou que não faz estimativas de participantes em manifestações públicas.
No local, é possível observar bandeiras vermelhas em referência a partidos de esquerda e também a presença de pessoas vestidas com a camisa da Seleção Brasileira que, apesar de um símbolo de todo o país, é mais utilizada nos protestos de direita.
Já em Salvador, capital baiana, os protestos foram marcados para a região do Morro do Cristo. Imagens que circulam nas redes sociais mostram um ambiente com milhares de pessoas. Wagner Moura e Daniela Mercury marcaram presença no protesto.
Manifestantes se reúnem em frente ao Masp, na Avenida Paulista, em São Paulo. O ato começou por volta das 14h e foi convocado nas redes sociais por diversos movimentos de esquerda. Os participantes carregam cartazes e placas, além de gritarem contra a anistia e a PEC da Blindagem.

O ato teve discursos dos deputados federais Guilherme Boulos (PSOL), Vicentinho (PT) e Tabata Amaral (PSB), assim como do padre Júlio Lancellotti. Evento reuniu cerca de 42,4 mil pessoas na Avenida Paulista, segundo o Monitor do Debate Político do Cebrap, da Universidade de São Paulo (USP).
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) disse, durante manifestação, que o Congresso precisa derrotar o que chamou de "anistia light" aos condenados nos ataques de 8 de Janeiro. 
"Não tem meio termo, não tem 'anistia light'. Vamos trabalhar contra. Vamos sepultar a anistia. Ficou claro que tem de um lado quem quer defender bandido com a PEC da Blindagem e anistiar golpista. Do outro, quem é a favor da democracia e não quer esse absurdo", disse Boulos.
Os manifestantes estenderam uma bandeira gigante do Brasil durante os protestos, em forma de critica a bandeira dos EUA que foi utilizada por apoiadores da direita, no ato do dia 7 de setembro.
Centenas de manifestantes se reúnem na orla de Copacabana, na Zona Sul do Rio, contra a PEC da Blindagem e à tentativa de anistia a envolvidos na trama golpista do 8 de janeiro. O ato conta com apresentações de artistas consagrados como Chico Buarque, Caetano Veloso, Gilberto Gil e Djavan.

Sob sol forte, com o Rio atingindo nível 2 de calor após temperaturas alcançarem a máxima de 40ºC, protestantes carregavam cartazes com frases como: "Centrão inimigo do povo"; "PEC da bandidagem não"; "Câmara do crime"; "Ainda estou aqui"; "Os piores deputados da história", entre outros.
No ápice, a manifestação contou com 41,8 mil pessoas. A estimativa da equipe do Monitor do Debate Político do Cebrap, feita em parceria com a ONG More in Common, refere-se ao público presente ao ato às 16h.
Aprovações que geraram revolta na Câmara

Os atos mobilizados pela esquerda no país miram o Congresso, com críticas duras ao projeto da anistia a golpistas e à proposta de emenda à constituição que ganhou o apelido de PEC da Blindagem, por dificultar a responsabilização criminal de parlamentares.
A PEC foi aprovada pela Câmara dos Deputados na última terça-feira, 16, com adesão massiva do PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, e também de outros partidos de oposição ao governo Lula. O PT, por sua vez, liberou a bancada e teve 12 deputados votando a favor da proposta no primeiro turno. Dois deles mudaram de posição na segunda rodada.

O texto da PEC diz que deputados e senadores só poderão ser presos em caso de flagrante por crime inafiançável, amplia o foro privilegiado e ainda restringe processos criminais contra os parlamentares.

Ela segue para aprovação do Senado. O senador Alessandro Vieira (MDB-SE), relator da proposta, sinalizou que se posicionará pela rejeição.

Já o projeto de anistia ainda segue na Câmara. Na última quarta-feira (17), a Câmara aprovou urgência do tema. Na quinta-feira (18), o presidente da Casa, Hugo Motta, oficializou Paulinho da Força como relator do projeto.
Com informações do Estadão Contéudo.