Nesta edição, o Enem está marcado para os dias 9 e 16 de novembroReprodução

Anualmente, estudantes de todo o Brasil se preparam para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) com o intuito de conseguir uma vaga em uma universidade pública. Nesta edição, o Enem está marcado para os dias 9 e 16 de novembro. Entre os aprovados, existem vestibulandos que se destacam e, quando usam sua nota no exame para se candidatar às faculdades, ficam em primeiro lugar na classificação.

Esse foi o caso de André Araújo, de 22 anos. Após tentar durante quatro anos passar em Medicina, ele conseguiu o resultado tão esperado: a aprovação para a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Além da vaga em uma das melhores instituições de ensino superior do País, ele conquistou o primeiro lugar na colocação do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) e tirou a nota média mais alta do Enem de 2021, 863 pontos. O Sisu classifica os vestibulandos conforme as notas no exame nacional e distribui as vagas entre os alunos com os melhores resultados.

Para André, o que o fez ter um ótimo desempenho na prova foi a forma como ele encarou os estudos durante o último ano de preparação. “Eu listava os assuntos que estava errando há muito tempo, anotava os erros do meu último simulado e colocava isso numa lista de problemas que eu tinha que resolver durante a semana. Era a partir dessa organização que eu me planejava”, explica.

Atualmente no oitavo período de Medicina, o universitário acredita que ver o estudo de forma mais pragmática o ajudava a entender a importância do tempo que ele estava investindo na preparação para a prova. “Era como se eu tivesse que cumprir uma carga horária ali e resolver problemas que fossem vir. Eu não seguia um cronograma ou um planejamento tradicional”, acrescentou.

André destaca que a rotina puxada de estudos o preparou para a carga pesada de conteúdos do curso que escolheu. Ele explica que embora estivesse entrando em uma nova fase de sua vida, já se sentia apto para lidar com a consistência e disciplina que a faculdade de Medicina exige. Além disso, ressalta que a experiência que teve na preparação para o Enem vai ajudá-lo a passar nas provas de residência médica.

“Para a próxima etapa, eu acredito que saber como passar em uma prova, ter esse método de estudo voltado para acertar questões e atingir uma nota máxima, vai contribuir de alguma forma para minha preparação para as provas de residência médica”, afirma.
André Araújo teve a maior nota média da edição de 2021 do Enem - Arquivo pessoal
André Araújo teve a maior nota média da edição de 2021 do EnemArquivo pessoal


Já Clara Granja Marques, de 20 anos, conquistou o primeiro lugar em Economia na UFRJ em 2023 e acredita que estudar em uma escola focada em vestibulares fez toda a diferença na trajetória até a aprovação. A universitária explica que fazia simulados já no primeiro e segundo ano do Ensino Médio, o que a deixou rapidamente familiarizada com o padrão de prova do Enem.

“Eu tinha aula durante a manhã e à tarde eu costumava estudar no próprio colégio. Tentava juntar pessoas para estudar comigo porque sempre fui muito distraída. Buscando soluções para isso, eu procurava revisar os conteúdos na escola, por conta própria, na parte da tarde também”, complementa a jovem.

Para Clara, na reta final para a prova do Enem, o importante é aperfeiçoar o que o aluno já aprendeu durante o ano. A estudante acredita que descobrir as matérias que tem mais peso na nota final para o curso escolhido pelo candidato é fundamental nesse momento. Na experiência dela, o que funcionou foi focar em Matemática e Redação, que eram as áreas de conhecimento que mais influenciavam no resultado final.

“Aprender algo do zero não seria muito eficiente. Minha dica é tentar priorizar as disciplinas em que você já vai bem, porque esse é um momento de aperfeiçoamento. Fazer muitos exercícios sobre os conteúdos que você já sabe e aprimorar isso ao máximo seria o meu conselho”, sugere.
Clara Granja Marques passou em primeiro lugar para Economia na UFRJ em 2023 - Arquivo pessoal
Clara Granja Marques passou em primeiro lugar para Economia na UFRJ em 2023Arquivo pessoal
Carolina Raposo, de 31 anos, passou em primeiro lugar para Engenharia de Produção na UFF, na edição de 2012 do Enem. Mais de dez anos após a aprovação, a engenheira trabalha com consultoria estratégica e atualmente cursa uma pós-graduação fora do Brasil. "O rigor acadêmico de estudar em uma federal com certeza é um diferencial no exterior. A gente já vem muito mais preparado", afirma. 
Carolina ressalta que ficar em primeiro lugar na colocação do vestibular não influenciou nada em sua jornada acadêmica e profissional. "Eu, sinceramente, acho que não faz tanta diferença na carreira ter passado em primeiro lugar na faculdade. Não faz a menor diferença se você ficou em primeiro ou em último na reclassificação. Não é isso que mostra se você vai ser bem sucedido ou não", acrescenta. 
Para a pós-graduanda, na hora da avaliação, o importante é ter inteligência emocional. Segundo ela, aprender a conter o nervosismo e manter a calma durante a prova pode ser um diferencial no resultado final. Ainda de acordo com Carolina, saber fazer escolhas estratégicas e administrar a ansiedade são características que também podem ajudar num futuro próximo, no mercado de trabalho. 
Carolina Raposo passou em primeiro lugar para Engenharia de Produção na UFF no Enem de 2012 - Arquivo pessoal
Carolina Raposo passou em primeiro lugar para Engenharia de Produção na UFF no Enem de 2012Arquivo pessoal
* Reportagem da estagiária Luiza Zubelli, sob a supervisão de Marlucio Luna.