A Eletrosul prepara para agosto seu primeiro leilão de energia solar, em que venderá eletricidade gerada pela central fotovoltaica que será inaugurada hoje em sua sede, em Florianópolis. Com potência instalada de 1 megawatt (MW), a central tem capacidade para abastecer até 540 residências. O mercado prospectado pela companhia, porém, são empresas interessadas em obter o Selo Solar, certificação concedida pelo Instituto Ideal, e associar sua marca a conceitos de desenvolvimento sustentável. A expectativa da empresa é vender, na primeira oferta, cerca de 800 megawatts-hora (MWh) por ano.
A central, batizada de Megawatt Solar, é um projeto pioneiro da Eletrosul e conta com apoio do banco alemão de fomento KfW, que financiou os R$ 9,5 milhões gastos no projeto em troca da compra dos painéis fabricado pela Bosch. A empresa não fala ainda em custo de geração, alegando que está finalizando os termos do leilão de venda, mas seu diretor de engenharia e operação, Ronaldo dos Santos Custódio, diz que os juros subsidiados vão garantir preços competitivos — ainda que mais altos do que o da energia hidrelétrica.
“A ideia é atrair empresas que se disponham a pagar um pouco mais caro para ter uma energia limpa”, afirma o executivo. “Que queiram ter esse selo em seus relatórios sociais, o que é positivo na atração de investidores”, completa. Os contratos de venda terão início de vigência em janeiro de 2015. Até lá, a Eletrosul planeja comercializar a energia no mercado de curto prazo, onde os preços têm se mostrado atraentes por causa do baixo nível dos reservatórios das hidrelétricas — esta semana, por exemplo, a energia vendida da região Sul está custando R$ 176,67 por MWh.
“Além disso, como se trata de uma tecnologia nova, queremos rodar um pouco as máquinas para entender seu funcionamento”, diz Custódio. A Eletrosul vem trabalhando em parceria com universidades em pesquisa sobre geração solar. Em um projeto tocado com a PUC-RS, já desenvolveram tecnologia nacional para a fabricação de painéis fotovoltaicos. Uma planta piloto já está em teste.
“Já temos alguns estudos internos sobre novas instalações e, se tivermos o sucesso que imaginamos nos leilões, podemos implantar em outras unidades da companhia”, adianta o diretor da Eletrosul, que vê no projeto que será inaugurado hoje (que tem painéis instalados no telhado e nas coberturas dos estacionamentos) um modelo que pode ser seguido por outros edifícios no país. “É uma tendência das cidades do futuro, com prédios autossustentáveis. Acredito que, à medida em que o custo diminuir, o modelo pode ser mais difundido.”
A geração solar distribuída já vem sendo implementada em larga escala em países europeus, notadamente a Alemanha. No Brasil, legislação da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) permite que pequenos consumidores invistam em geração própria e vendam seus excedentes às distribuidoras locais, mas o investimento inicial ainda é apontado como um impeditivo.