Por marta.valim

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou nesta sexta-feira que errou na expansão da amostra da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2013 em sete estados: Ceará, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Com a correção, mudam os dados sobre a desigualdade social caiu no país em 2013, ao contrário do que havia sido divulgado anteriormente.

O erro foi causado no processo de cálculo do peso da amostra de estados que têm mais de uma Região Metropolitana.  Em nota, o IBGE explica que "foi utilizada, equivocadamente, a projeção de população referente a todas as áreas metropolitanas em vez da projeção de população da Região Metropolitana na qual está inserida a capital". O instituto reforçou que os dados colhidos nas entrevistas com 361 mil pessoas não sofreram alteração. Houve falha apenas na forma de cálculo das variáveis. 

O diretor de pesquisas do IBGE, Roberto Luis Olinto negou qualquer pressão política para a revisão dos dados. "O governo, assim como a imprensa, participou do embargo, ou seja, sabia dos resultados com dois dias de antecedência. Seria surrealista um dado mudar sob pressão. A questão está centrada na identificação de um erro técnico e sua alteração", afirmou. "Este foi um infeliz acidente. As causas serão investigadas", acrescentou Olinto.

O instituto observou o erro após ser alertado por órgãos de governo e consultorias, como o Instituto Pereira Passos e o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea). Segundo o IBGE, na tarde de quinta-feira, o órgão começou a receber telefonemas de especialistas apontando inconsistências nos dados. Na manhã de sexta-feira, os dados começaram a ser revistos.

Os novos cálculos mostram que a concentração de renda caiu e não aumentou como havia sido informado. Os dados do Índice de Gini referentes ao rendimento domiciliar saiu de 0,499 em 2012 para 0,497 em 2013 e não 0,500 como havia sido divulgado.  

A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, disse que "do ponto de vista substantivo o resultado não mudou. A concentração de renda é alta ainda. A parte de renda mudou mais, porque as regiões metropolitanas são as mais ricas, mas a notícia não mudou".

O rendimento médio mensal domiciliar dos 10% mais pobres passou de R$ 460 em 2012 para R$ 467 em 2013 - e não R$ 470. Já a renda dos 10% mais ricos,  teve expansão passou de R$ 11.262 para R$ 11.460 e não R$ 11.758, como informado anteriormente.

A taxa de desocupação se manteve em 6,5%. Já o  rendimento médio mensal do trabalho aumentou menos do que se pensava. Em 2012, foi de R$ 1.590 e foi para R$ 1.651 em 2013 e não R$1.681. 

A taxa de analfabetismo da população de 15 anos ou mais de idade foi maior do que a divulgada, saindo de 8,7% em 2012 para 8,5% em 2013 e não 8,3%.

Questionada se o IBGE teria alterado os resultados por pressão política, a presidente do instituto reforçou que houve apenas uma falha técnica. "Sentimos muito que o debate sobre o trabalho do IBGE se resuma a termos políticos, de pressões. Todos cometem erros. Primeiro temos que entender o que aconteceu e criar processos que minimizem esses tipos de falha. Estamos criando um órgão de gerenciamento de riscos", afirmou Wasmália Bivar.

Para o diretor de pesquisas do IBGE, Roberto Luis Olinto, "esse é um erro pontual. A credibilidade se constrói com os anos. Temos 70 anos de política e temos como obsessão sermos rápidos e públicos", salientou.

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