Governo espera cortar R$ 18 bi com alteração de regras trabalhistas
Mudanças foram anunciadas pelo futuro ministro do Planejamento, Nelson Barbosa. Modificações serão feitas no acesso ao abono salarial, seguro-desemprego, pensão por morte e auxílio-doença
Por diana.dantas
Brasília - Às vésperas do fim do atual mandato da presidente Dilma Rousseff, o governo anunciou nesta segunda-feira um pacote de ajustes nas regras de acesso a benefícios trabalhistas e previdenciários que deve gerar economias anuais de R$ 18 bilhões aos cofres públicos.
As medidas, que promovem ajustes nas regras para acesso a abono salarial, seguro-desemprego, seguro-desemprego do pescador artesanal, pensão por morte e auxílio-doença, devem ser publicadas no Diário Oficial da União de terça-feira.
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Segundo o ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, “em sua maioria”, as mudanças seguem ao Congresso por Medida Provisória.
“São correções inadiáveis e indispensáveis”, disse Mercadante, ao anunciar as medidas após reunião com representantes de centrais sindicais. "Os dirigentes sindicais não só aguardavam (as mudanças) como sabem que há distorções que precisam ser corrigidas."
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No caso do abono salarial, a carência para ter direito ao benefício será elevada de um mês para seis meses ininterruptos de trabalho. Além disso, o pagamento será proporcional ao tempo trabalhado no ano base, do mesmo modo como ocorre com o pagamento proporcional do 13º salário.
“Todas as mudanças respeitam integralmente todos os benefícios que já estão sendo pagos. A alteração é basicamente para a frente”, afirmou Mercadante.
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O futuro ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que participou do anúncio das medidas, disse que a expectativa é de que as medidas terão impacto anual de economia de cerca de R$ 18 bilhões nas contas públicas, mas ressaltou que o impacto global dos ajustes depende da evolução delas na sociedade.
CARÊNCIAS MAIORES
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No seguro-desemprego, o governo quer elevar o período de carência de seis para 18 meses na primeira solicitação e para 12 meses na segunda solicitação. A partir daí, nas demais solicitações volta a valer a carência de seis meses.
Mercadante anunciou que o governo pretende estabelecer, para a pensão por morte, uma carência de 24 meses de contribuição para que a família do segurado tenha acesso ao benefício, exceto em casos de acidente de trabalho e doença profissional.
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Também passará a se exigir um tempo mínimo de dois anos de casamento ou união estável, com exceção de óbitos em função de acidente de trabalho ocorrido após o casamento, mas antes do prazo de dois anos.
Haverá ainda uma nova regra para o cálculo da pensão por morte, reduzindo o patamar dos atuais 100% do salário de benefício para 50% mais 10% para cada dependente (viúvo ou viúva e cada filho, por exemplo), até o limite de 100%.
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O governo também quer limitar os benefícios da pensão por morte para cônjuges jovens. Assim, a pensão só será vitalícia para pessoas com até 35 anos de expectativa de sobrevida --pelas contas do governo, isso valeria para pessoas com 44 anos ou mais de idade na época da morte do segurado. Para pessoas mais jovens, passa a valer uma tabela que reduz o tempo de recebimento da pensão.
Essas medidas serão estendidas ao regime previdenciário dos servidores públicos.
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No caso do auxílio-doença, sobe de 15 para 30 dias o prazo de afastamento do trabalho a ser pago pelo empregador, antes do início do pagamento do auxílio via INSS. E será dada permissão para o estabelecimento de convênios com empresas que possuem serviço médico sob supervisão do INSS.
PROMESSAS DE CAMPANHA
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Perguntado se não havia uma contradição entre o discurso de campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff e as medidas anunciadas, Mercadante disse que o governo já vem corrigindo distorções em outros benefícios, citando o caso do programa Bolsa Família. "Tinha vereador recebendo bolsa família, empresário, servidor público."
Durante a campanha, Dilma disse que não mudaria direitos trabalhistas "nem que a vaca tussa". Na ocasião, ela falou em adaptações, como na lei do menor aprendiz, mas especificou alguns direitos que seriam intocáveis.
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"Lei de férias, 13º(salário), Fundo de Garantia, hora-extra, isso não mudo nem que a vaca tussa", declarou Dilma em setembro.
Também participaram da reunião desta segunda-feira a atual ministra do Planejamento, Miriam Belchior, o ministro do Trabalho, Manoel Dias, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Paulo Caffarelli, e o secretário-executivo do Ministério da Previdência (hoje anunciado como futuro titular da pasta), Carlos Gabas.