Por douglas.nunes

O setor público brasileiro teve déficit primário de R$ 6,9 bilhões em maio, o pior resultado do ano e puxado pelo fraco desempenho do governo central, ressaltando os desafios na busca pelo reequilíbrio fiscal num momento de debilidade na economia e na arrecadação.

Em 12 meses, o rombo ficou em 0,68% do Produto Interno Bruto (PIB), um pouco melhor que o déficit recorde de 0,76% nos 12 meses encerrados em abril, informou o Banco Central nesta terça-feira.

Os resultados indicam que a meta fixada para este ano ainda está bem longe, de R$ 66,3 bilhões, equivalente a 1,1% do PIB.

No mês, a economia para pagamento de juros da dívida veio praticamente em linha que o saldo negativo de R$ 7 bilhões esperado por analistas, segundo pesquisa da Reuters, e melhor ao déficit de R$ 11,046 bilhões de maio de 2014.

A linha voltou ao vermelho no mês passado após o registro de superávits em abril e março, e foi arrastada sobretudo pelo saldo negativo de R$ 8,869 bilhões nas contas do governo central (governo federal, BC e Previdência), abaladas pela baixa arrecadação e elevados gastos com a previdência.

A economia fraca e inflação elevada desenham um cenário sombrio para o país, atingindo em cheio a confiança dos consumidores e dos agentes econômicos. Diante disso, a arrecadação tem sofrido, registrando em maio o pior resultado para o mês em cinco anos.

O BC informou também que os governos regionais (Estados e municípios) registraram superávit primário de R$ 2,041 bilhões em maio, enquanto as empresas estatais tiveram déficit de R$ 72 milhões no período.

No acumulado do ano até maio, o superávit primário total chegou a R$ 25,547 bilhões, menor que os R$ 31,481 bilhões de igual etapa de 2014.

Diante do mau desempenho, muitos analistas já esperam redução na meta de primário deste ano, mesmo após o contigenciamento no orçamento de R$ 70 bilhões, elevação de impostos e adoção de medidas para moderar benefícios trabalhistas e previdênciários.

Impacto do câmbio

O BC informou ainda que, em maio, o gasto com juros nominais chegou a R$ 52,877 bilhões em maio, diretamente afetado pela despesa de R$ 22,065 bilhões com as operações de swap cambial --equivalente à venda futura de dólares-- diante da desvalorização do real no período, contribuindo para o déficit nominal de R$ 59,777 bilhões no mês.

Já a dívida pública bruta representou 62,5% do PIB em maio, contra expectativa do próprio BC de que atingisse 61,9% no período.

A dívida líquida, por sua vez, ficou em 33,6% do PIB, indo ao exato encontro da projeção do BC para o mês.

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