Por douglas.nunes

Brasília - O governo federal arrecadou R$ 97,09 bilhões em impostos e contribuições em junho, queda real de 2,44% sobre igual período do ano passado e no pior resultado para o mês desde 2010, impactado pela fraqueza da atividade econômica.

Com isso, no acumulado do primeiro semestre a arrecadação somou R$ 607,21 bilhões, recuo de 2,87% em termos reais, ou seja, já descontada a inflação, sobre igual etapa do ano passado, de acordo com dados divulgados pela Receita Federal nesta quarta-feira.

O débil desempenho da arrecadação no primeiro semestre lança dúvidas sobre o cumprimento da meta fiscal de 2015, com a fraca atividade afetando o recolhimento dos impostos enquanto as desonerações seguem sangrando o caixa do governo.

Em junho, a arrecadação gerada pela Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) recuou 22,79 por cento na comparação anual, enquanto que a do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) caiu 10,99 por cento.

Ao mesmo tempo, as desonerações somaram R$ 7,748 bilhões, ante R$ 8,159 bilhões um ano antes.

No acumulado dos primeiros seis meses do ano, contudo, a renúncia com as desonerações chega a R$ 54,882 bilhões, acima dos R$ 48,024 bilhões de igual período de 2014. A votação da medida enviada pelo governo para reduzir a desoneração da folha de pagamento para alguns setores ainda não foi concluída no Congresso.

Com o cenário fiscal brasileiro fortemente abalado pela baixa arrecadação, o governo já avalia reduzir a meta de superávit primário neste ano, fixada em R$ 66,3 bilhões, equivalente a 1,1% do Produto Interno Bruto (PIB).

O setor público brasileiro acumulava déficit primário equivalente a 0,68% do PIB nos 12 meses até maio, de acordo com os mais recentes dados do Banco Central.

As expectativas de economistas ouvidos semanalmente pelo Banco Central na pesquisa Focus são de que o país entrará em recessão neste ano, com o PIB encolhendo 1,50%. Em 2016, a estimativa é de recuperação apenas parcial, com crescimento econômico de 0,50%.

O panorama também é de inflação elevada e baixa confiança dos agentes econômicos.

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