As críticas são à despolitização da campanha. Com um formato muito pasteurizado, Padilha não teria conseguido se diferenciar de Paulo Skaf (PMDB), segundo colocado nas pesquisas. Petistas reclamam que, concentrado na campanha nacional, o marqueteiro João Santana dedicou pouco tempo à disputa em São Paulo. Além disso, Padilha não soube explorar os pontos considerados fracos da gestão de Geraldo Alckmin (PSDB). Crise hídrica, violência policial e o escândalo do trensalão são exemplos. Petistas avaliam que não souberam apresentar os investimentos federais em São Paulo.
Acuados, querem que Padilha vá ao ataque para evitar um resultado ainda pior. Até agora, Padilha permanece nas pesquisas abaixo de 10%. Desde a redemocratização, o PT só teve um percentual menor do que esse duas vezes: em 1982, quando Lula foi candidato na primeira eleição após a ditadura, e em 1990, com Plínio de Arruda Sampaio. Nas duas últimas eleições estaduais, ambas com o atual ministro Aloízio Mercadante, o partido conseguiu ficar acima dos 30% dos votos válidos. O temor é que o resultado também provoque uma queda nas bancadas de deputados estaduais e federais do PT de São Paulo, o que causará outros impactos na disputa política daqui por diante. O partido é hoje o principal opositor na Assembleia Legislativa a Alckmin, que, se reeleito no próximo domingo, pode voltar a ser o nome de maior destaque do PSDB.
Perda de hegemonia
O PT tem ainda a maior bancada da Câmara, com 87 parlamentares, 16 deles eleitos por São Paulo. Por isso, um resultado ruim no Estado pode até atrapalhar a hegemonia nacional. Há receio entre petistas de que o partido reduza até pela metade suas bancadas estadual e federal por São Paulo.
O exército petista
Embora reconheçam ser praticamente impossível levar Padilha ao segundo turno, petistas prometem, ao menos, cair lutando. Confiam na mobilização de militantes nesta reta final para melhor os índices do ex-ministro. Um dirigente estadual diz que os principais candidatos a deputado distribuirão nos próximos dias entre 70 milhões e 100 milhões de santinhos com os nomes dos candidatos do partido. Acreditam que, com esse reforço, Padilha crescerá. Ressaltam ainda que há uma equipe de campanha com 25 mil pessoas, além de um outro exército de 12 mil militantes, lotados em prefeituras e sindicatos, chamados para ir às ruas.
CPMF: nem marinheiro entende
A nota divulgada pela campanha da presidenciável Marina Silva sobre os votos dela como senadora sobre a criação da CPMF é tão simples que mesmo os dirigentes da Rede, grupo criado pela candidata, se confundem ao explicá-la. Dois parlamentares da corrente discutiam ontem se ela votou contra a proposta original ou para derrubar uma emenda que prejudicava seu conteúdo. No final, concordaram em um ponto: seria algo difícil de explicar para quem não estava no Congresso.
Sindicalista dá duplo apoio a candidata
A campanha de Marina resolveu aproveitar a dupla jornada do metalúrgico Ubiraci Dantas de Oliveira, o Bira. Em um encontro com sindicalistas na semana passada, ele foi apresentado como presidente da CGTB. Ontem, esteve em outro encontro. Desta vez, como militante do movimento negro. É vice-presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro.
Com Leonardo Fuhrmann