Fortalecimento de grupo interno gera reclamações no PT

As indicações para o novo governo da presidenta Dilma Rousseff de militantes petistas ligados à corrente Mensagem ao Partido geraram conflitos internos. “Há uma desproporcionalidade gritante. Não tem sentido”, reclamou um deputado da CNB (Construindo um Novo Brasil), tendência majoritária do PT, integrada pelo ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. Terceira maior corrente interna do PT, a Mensagem ao Partido é representada, entre outros, pelo atual governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro. Integrantes da CNB dizem, reservadamente, que o grupo de Tarso dá impressão de ser hegemônico no partido e de ter até “ganhado a eleição”. A Mensagem já tem três ministros: José Eduardo Cardozo, da Justiça; Miguel Rosseto, da Secretária-Geral; e Pepe Vargas, de Relações Institucionais.

Pepe Vargas foi oficializado ontem. A Mensagem ao Partido pode contar ainda com o deputado Alessando Molon (RJ), cotado para Meio-Ambiente ou Secom (Secretaria de Comunicação). O atual líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (RS), também integra a corrente. A Mensagem é hoje um coletivo de tendências petistas e abriga, entre outras, a Democracia Socialista. Adversários internos dizem que Rui Falcão, presidente nacional do PT (do grupo Novo Rumo), ficou de conversar com a presidenta Dilma sobre essa “desproporcionalidade” entre os grupos petistas. Francisco Rocha da Silva, coordenador da comissão de Ética do Diretório Nacional do PT e coordenador nacional da CNB, diz ter encaminhado a Dilma um mapeamento de cargos a serem preenchidos em todo o País, além de nomes sugeridos e avaliados pela corrente que podem, eventualmente, ser nomeados.

Francisco Rocha, o Rochinha, como é conhecido, diz que a CNB “não foi nem será empecilho” para Dilma na formação do ministério. “A presidenta está a par de tudo, sabe a importância da CNB e como ela deve estar contemplada no governo”, afirma.

Filho do ex-presidente João Goulart, João Vicente Goulart defende o nome do deputado Alessando Molon para a Secom. Se nomeado, Molon abrirá vaga para o primeiro suplente do PT no Rio, Wadih Damous, presidente da Comissão Nacional de Direitos Humanos da OAB.

O vereador Mário Covas Neto (PSDB-SP), filho do ex-governador morto em 2001, quer disputar a presidência do diretório municipal. Os rumores de que ele pretendia concorrer à prefeitura são infundados, segundo tucanos. O deputado Bruno, neto de Covas, já é pré-candidato.

Alguns dispositivos e regras do Marco Civil da Internet, sancionado em abril pela presidenta Dilma — durante o Encontro Global sobre o Futuro da Governança da Internet, em São Paulo —, precisam ser regulamentados. O artigo 9º, que disciplina a neutralidade de rede, determina que a regulamentação é privativa da Presidência da República e devem ser ouvidos o Comitê Gestor da Internet (CGI) e a Anatel. O CGI coordena uma consulta pública, até janeiro. Contribuições podem ser enviadas por meio do site do CGI.br.

Em Recife, ontem, circulavam entre integrantes do governo pernambucano comentários de que um grande grupo de comunicação do Estado seria arrendado por empresário influente da área de saúde, bastante próximo dos irmãos cearenses Cid e Ciro Gomes. Cid, atual governador do Ceará, será o novo ministro da Educação. As negociações, segundo fontes, tinham o aval e o estímulo de influentes dirigentes petistas do Estado.

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