Por monica.lima

Aumenta a descrença na capacidade do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, levar adiante o ajuste fiscal de 1,2% do PIB que ele prometeu ao lançar seu plano de emergência para estabilizar a economia. O principal motivo da elevação da taxa de desconfiança é a crescente dificuldade que o governo enfrenta no Congresso para conseguir apoio.

A reforma ministerial, um fator que poderia alimentar expectativas de melhoria da gestão da crise, perdeu força diante da declaração da presidente Dilma Rousseff de que fará apenas mudanças pontuais.

Perdeu-se mais uma semana. A reação do Planalto às ruas frustrou muita gente, o pacote anticorrupção foi mais do mesmo, e até a demissão de Cid Gomes, em vez de capitalizar o governo, serviu para fortalecer ainda mais o presidente da Câmara, Eduardo Cunha.

O indicador mais sensível da incerteza é o dólar, cada vez mais caro. Há uma grande torcida por boas notícias. Nem que seja uma só.

Alto risco econômico

Agora se sabe porque baixou o pânico no governo diante do risco de perda do grau de investimento. Uma avaliação do FMI relativa aos anos de 2013/2014 comparou a economia brasileira com a de outros países com a mesma classificação de risco.

Dos 13 indicadores levados normalmente em conta pelas agências de risco, em apenas quatro o Brasil estava acima da média – superávit primário, dívida líquida em relação ao PIB, taxa de desemprego e arrecadação. O economista Raul Velloso substituiu a previsão de 2014 pelos números verdadeiros. Restaram taxa de desemprego e arrecadação.

Por que Perillo defende Dilma?

Desde que chamou o ex-presidente Lula de canalha há dois anos, o governador Marconi Perillo passa a pão e água. Seu nome foi banido dos guichês das verbas federais. Saiu das manifestações de 2013 como o segundo governador mais mal avaliado do país e pensou em desistir da reeleição.

Quinta-feira passada, em Goiânia, Perillo ficou na cara do gol, diante de uma Dilma Rousseff impopular, de regime fiscal, chantageada pelos políticos. O mais longevo tucano no poder (15 anos em 2018) entrou com bola e tudo no maior — e único — afago que a presidente ouviu desde a posse. E vindo de um oposicionista.

Agenda da semana

Mais uma semana de saia justa em Brasília. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, falará na terça-feira, na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado. Prevista grande audiência em virtude de um tema inescapável – a escalada do dólar.

No mesmo dia, a CNI lançará a agenda da indústria com a presença do presidente da Câmara, Eduardo Cunha. Na sexta, mais incômodo: o IBGE divulgará a taxa do desempenho do PIB em 2014. Muitos economistas, entre eles o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, acham que não haverá desempenho a mostrar.

Fim da linha para Vaccari

A maioria das tendências do PT está de acordo: além de levar a melhor sobre o PMDB na reforma ministerial que vem aí, acha que o tesoureiro João Vaccari Neto precisa pedir licença urgentemente para facilitar a vida do partido. Principalmente depois que a Justiça pediu uma investigação sobre "o que ele fez no verão passado". O presidente do PT, Rui Falcão, é contra.

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