Por monica.lima
Mesmo na oposição%2C há intérpretes da crise convencidos de que Dilma Rousseff tem como reagirUeslei Marcelino/Reuters

Nem todos em Brasília imaginam que a presidente Dilma é refém do Congresso e não tem nada a fazer. Mesmo na oposição, há intérpretes da crise convencidos de que ela tem como reagir. Em pelo menos três setores, a presidente pode atuar para relançar a economia sem passar pelo Congresso:

Comércio exterior - a deterioração da balança comercial já deveria ter sido enfrentada. O Mercosul é um obstáculo à expansão comercial do Brasil porque condiciona acordos comerciais com parceiros externos. Falta uma forma de desfazer o nó sem se desentender com os vizinhos.

Petrobras -pode alavancar a economia por meio de seus negócios nas áreas de construção, leilões de exploração de petróleo e produção de combustíveis. Para isso, o governo tem que trabalhar rápido. O balanço , primeiro passo para isso, está atrasado, enquanto a empresa só toma medidas defensivas.

Infraestrutura - os programas de concessão - rodovias, portos, ferrovias - estão parados por falta de definição de regras para a realização de leilões e fixação de valores para as taxas de remuneração. Há grande interesse de investidores, mas ausência de uma política setorial transparente.

Maio, mês da bruxa

Maio será um mês decisivo para a taxa de desemprego, e isso mete medo no governo. Termina em abril o pagamento das quatro parcelas do seguro desemprego para quem foi demitido em janeiro. Trata-se de um número grande de trabalhadores, principalmente das empresas montadoras e de área de infraestrutura. Pela primeira vez, eles vão entrar nas estatísticas do IBGE. A taxa aumentou para 5,9% em fevereiro.

No meio do caminho

O projeto do ministro do ministro Gilberto Kassab recriar o PL poderá naufragar sem necessidade de um tiro do PMDB. Segundo assessores do partido que conhecem a legislação, o ex-prefeito pode até conseguir o registro na Justiça Eleitoral. Mas fracassará na hora de realizar o objetivo do plano que é juntar PL e PSD.

O obstáculo aos planos de Kassab é um dispositivo mantido na lei que só permite a fusão entre legendas com mais de cinco anos de criadas. Resumo da trapalhada: a criação do PL aconteceu antes da sanção da lei, mas sua fusão só poderá ocorrer depois.

Jogo de cena

A oposição fez as contas e chegou à conclusão de que o ministro Joaquim Levy resolveu endurecer o jogo contra a entrada em vigor da nova lei que trata da dívida dos estados e municípios por mera estratégia de negociação.

Além o impacto de R$ 3 bilhões nas contas do Tesouro não ser relevante, a não ser simbolicamente, há dois outros pontos a considerar: 1) a taxa de juros dos empréstimos não cairia de forma significativa; 2) a capacidade de endividamento de estados e municípios não se ampliaria tanto, exceto no caso de pequenos estados.

Se a moda pega

Depois da entrevista do prefeito Eduardo Paes pregando o lançamento de candidato do PMDB à Presidência em 2018, nos gabinetes de Brasília começou a fazer sentido a seguinte leitura das estrelas: à moda de Eduardo Campos, daqui a quatro anos os ministros entregam os cargos, Temer renuncia à vice-presidência e o PMDB fica ainda mais independente.

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