O governo adiou a votação do projeto que encolhe a desoneração tributária da indústria para a próxima semana, numa manobra destinada a ganhar tempo e evitar que o relator, Leonardo Picciani (PMDB-RJ), desidrate a medida que chegou robusta ao Congresso e corre o risco de ser submetida à violenta dieta Ravenna. No início de fevereiro, o Planalto enviou ao Congresso medida provisória vedando a sangria fiscal. Um mês depois o senador Renan Calheiros devolveu o texto sob a alegação de inconstitucionalidade. O governo mudou a embalagem para projeto de lei e remeteu de volta ao Legislativo, três semanas depois, com pedido de urgência constitucional. Desde então, a proposta navega pelos corredores da Câmara ao sabor das conveniências. Há um mês tranca a pauta da Casa e ainda assim não sai do papel. Se tudo der certo, contando sua tramitação no Senado, será aprovada em setembro, mas como tem que respeitar a espera de 90 dias antes de entrar em vigor, só começará a valer em dezembro. Quase um ano para socorrer um paciente debilitado como o cofre do Tesouro. E arrecadar apenas R$ 1,5 bilhão este ano.
Tudo Levy
O Planalto não dá um passo sem consultar o ministro, da Fazenda, Joaquim Levy. Ele não é apenas o ministro mais influente da Esplanada, como sua opinião é invocada antes da decisão de quase todos os assuntos relevantes. Exceto ele e Aloizio Mercadante, da Casa Civil, os demais são praticamente ignorados pela presidente. Apesar da lipoaspiração sofrida por seu poder, Dilma impõe sua vontade aos ministros setoriais. Doutor em Econmia, o sonho de Mercadante era ser o Levy de Lula.
Jorge Quem?
O empresário Jorge Gerdau Johannpeter, presidente do grupo Gerdau e um dos maiores defensores da gestão como matéria-prima da eficiência, perdeu o acesso à presidente Dilma. Na Era Lula, Gerdau era um dos mais influentes membros do conselho econômico da Presidência. Deu enfático apoio às duas campanhas da presidente.
Longe do razoável
Cálculos de consultores dizem que um país com estoque de infraestrutura tão precário quanto o Brasil precisaria investir no mínimo R$ 100 bilhões por ano, mas as primeiras projeções feitas apontam para negócios de apenas um quarto disso. Melhor do que os atuais R$ 15 bilhões, mas bem longe do adequado. Ainda assim, impossível de tocar sem dinheiro privado. Apesar de tudo, o Brasil ainda é uma boa oportunidade. Agora falta abrir a caixa preta da modelagem dos projetos.