Sérgio Moro - José Cruz/Agência Brasil
Sérgio MoroJosé Cruz/Agência Brasil
Por O Dia

Presos na Operação Spoofing, deflagrada ontem pela Polícia Federal, os quatro suspeitos de invadir o celular do ministro da Justiça, Sergio Moro, e do procurador da República e coordenador da Lava Jato no Paraná, Deltan Dallagnol, foram transferidos para Brasília onde deveriam depoimento na Superintendência da PF do Distrito Federal.
A operação resultou na prisão de um homem e uma mulher na capital paulista e outros dois homens em Araraquara e Ribeirão Preto, acusados de acessarem os celulares de Moro e Dallagnol. A ação foi determinada pelo juiz da 10ª Vara Federal de Brasília, Vallisney de Souza Oliveira.
Além de Moro, procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Paraná e outras autoridades foram hackeados - no mandado de buscas, há menção ao desembargador federal Abel Gomes (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), ao juiz federal Flávio Lucas (18ª Vara Federal do Rio) e delegados Rafael Fernandes, da PF em São Paulo, e Flávio Vieitez Reis, em Campinas.
Supostos diálogos mantidos no auge da investigação entre os procuradores e o então juiz Sergio Moro foram vazados e publicados pelo site The Intercept Brasil. Moro e os procuradores não reconhecem a autenticidade das mensagens atribuídas a ele.
A PF cumpriu quatro mandados de prisão temporária e sete de busca e apreensão em São Paulo, Araraquara e Ribeirão Preto. Foram cumpridos pelo delegado da PF Luiz Flávio Zampronha, que investigou o escândalo do mensalão.
Um dos endereços de buscas foi a residência da mãe de um dos suspeitos, preso na capital paulista. Ele trabalha com shows e eventos, segundo os agentes. "As investigações seguem para que sejam apuradas todas as circunstâncias dos crimes praticados", informou a PF.

Guedes e Joice
Após ter o celular supostamente clonado, o ministro da Economia, Paulo Guedes, classificou a ação como "banditismo". Ele disse que "marginais" adotam esses procedimentos enquanto o governo quer reconstruir o Brasil
"Isso é o banditismo. Isso é invasão de privacidade, isso é um retrocesso enorme, isso é o uso de coisas destrutivas. Estamos querendo reconstruir o país e tem, infelizmente, marginais, bandidos que ficam fazendo este tipo de coisa. Mas vamos para frente", disse após cerimônia lançamento do programa do Novo Mercado de Gás, no Planalto, na tarde de ontem.
Guedes afirmou que teve o celular hackeado na noite de segunda-feira, segundo a assessoria do Ministério da Economia. Ele pediu que mensagens vindas do número invadido e de outras pessoas do gabinete sejam desconsideradas. A assessoria disse ainda que tomará as medidas cabíveis.
A líder do governo, Joice Hasselmann (PSL-SP), também afirmou que teve o celular invadido no início da semana. Ela divulgou um vídeo em rede social para dizer que chegou a receber ligações do seu próprio número, repetindo o que aconteceu com o Moro - que teve o aparelho celular invadido em junho.
Segundo a deputada do PSL, o hacker que teria feito a invasão é "provavelmente da mesma gangue que invadiu o celular de Moro" e de procuradores da República em Curitiba.

Greenwald não é investigado
O diretor-geral de Polícia Federal, Maurício Valeixo, afirmou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não há inquérito policial instaurado para apurar a conduta do jornalista Glenn Greenwald. A manifestação foi feita na ação em que a Rede pede que o Supremo declare inconstitucional a abertura de investigações contra fundador do site The Intercept.
A Rede entrou com ação em 10 de julho, após o vazamento de supostas mensagens entre Moro e membros da Operação Lava Jato, publicadas pelo site. À Corte, a sigla afirmou que "possivelmente" teria havido um pedido, junto ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), de quebra de sigilo de movimentações financeiras de Greenwald. Mas, recentemente, o Coaf não esclareceu se está analisando movimentações financeiras do jornalista.