Militantes a favor de Moro e de Bolsonaro voltaram à porta da PF, onde Lula 
ficou preso - AFP
Militantes a favor de Moro e de Bolsonaro voltaram à porta da PF, onde Lula ficou presoAFP
Por O Dia
Uma cena inusitada ocorreu ontem na porta da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba: manifestantes pró-Moro e pró-Bolsonaro. Manifestantes esperavam a chegada do ex-ministro da Justiça, Sergio Moro, para depor para a PF e para a Procuradoria Geral da República (PGR) sobre as denúncias feitas contra o presidente Jair Bolsonaro durante seu discurso de despedida do governo. O ex-ministro chegou às 13h50 e entrou pelos fundos da sede da PF frustrando os manifestantes. Relembrando: o ministro Celso de Mello, decano do STF, deferiu o pedido do procurador-geral da República, Augusto Aras, e designou três procuradores indicados pela PGR para acompanhar o depoimento: João Paulo Lordelo Guimarães Tavares, Antonio Morimoto e Hebert Reis Mesquita. Moro será assistido por advogado.

Antes da chegada do ministro, um grupo de apoiadores do presidente (menos de 100 pessoas) ficou desde as 10 horas na frente da sede da PF com palavras de ordem contra Moro e a imprensa. Uma das coordenadoras, Paula Milani, se recusou a falar com a imprensa, assim como outros militantes. "Com tantos crimes maiores, porque ele quis se voltar contra o presidente e sua família?", gritavam do carro de som.
Militantes tomavam o microfone e chamavam Moro de "Judas", "rato", e chegaram a falar que "a biografia do Moro deveria ser jogada na privada", entre outros xingamentos. "Porque não investigava quem tentou matar o presidente?", gritavam.
Simpatizantes de Moro levavam faixas de apoio. O consultor Marcos Silva disse que acreditava em Moro e não merecia esse tratamento. "Acreditamos na honestidade de Sergio Moro, assim como ele fez na Lava-Jato ele tentou fazer no Ministério da Justiça, mas chegou perto dos filhos do presidente", disse.

PELAS REDES SOCIAIS
Horas antes do depoimento de Moro, o presidente utilizou suas contas nas redes sociais chamou o ex-ministro de 'Judas' ao divulgar vídeo em que uma pessoa não identificada diz ter ouvido vozes de outras pessoas que falariam com Adélio no momento do crime - mesmo com dois inquéritos da Polícia Federal, um deles já concluído, apontarem que o esfaqueador agiu sozinho.

Durante a manhã de ontem, ao deixar o Palácio do Alvorada, o presidente não quis falar com a imprensa, mas disse a apoiadores que não será alvo de nenhum 'golpe' em seu governo "Ninguém vai fazer nada ao arrepio da Constituição. Ninguém vai querer dar o golpe para cima de mim, não", disse o presidente.


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Ameaça a quem não ceder cargos
Líderes de partidos do chamado centrão afirmam que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) enquadrou nos últimos dias ministros que resistiam em ceder cargos de suas pastas ao grupo, deixando claro que quem se opuser pode ser demitido do governo. Segundo relato desses parlamentares, a atitude de Bolsonaro se deu em dois atos: primeiro, forçou a demissão de Sergio Moro (Justiça).
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Depois, reafirmou a quem ficou, em encontros coletivos e a sós, que ele irá distribuir postos de segundo e terceiro escalão ao centrão e que não aceitará recusas. A conduta do presidente foi confirmada por integrantes do governo à Folha de São Paulo.

Demonizado na campanha por Bolsonaro como sendo exemplo do que chama de velha política, formada por parlamentares adeptos ao "toma lá, dá cá", o centrão reúne cerca de 200 dos 513 deputados e virou a esperança do presidente de, pela primeira vez, ter base de sustentação no Congresso.

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Bolsonaro provoca aglomeração

Em mais uma ação contra as recomendações da Organização Mundia de Saúde (OMS) para conter a pandemia de coronavírus, que é o isolamento social, o presidente Jair Bolsonaro visitou um posto de gasolina às margens da BR-040, perto da cidade goiana de Cristalina. Bolsonaro cumprimentou apoiadores e posou para fotos. Aglomerações se formaram ao redor do presidente, contrariando as orientações das autoridades sanitárias.

"Vamos tomar cuidado e usar máscara", afirmou o presidente. Apesar de recomendar o uso da máscara, Bolsonaro usou o equipamento de forma errada. Ele e grande parte dos apoiadores estavam de máscara, mas tiravam o equipamento para posar para fotos ou para falar. Pelas determinações de autoridades de saúde, é errado puxar as máscaras para baixo ou retirá-las, especialmente em meio a aglomerações.

EXAMES
O Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3) derrubou a decisão que obrigava o presidente Jair Bolsonaro a entregar à Justiça "os laudos de todos os exames" realizados para verificar se foi contaminado ou não pelo novo coronavírus. Por decisão da desembargadora plantonista Mônica Nobre, Bolsonaro não precisou mais divulgar os papéis ontem. Em sua decisão, a desembargadora suspendeu - pelo prazo de cinco dias - a decisão.

Banido de rede social
O filho 04 de Bolsonaro, Jair Renan, foi banido da Twitch, plataforma de streaming de games por fake news. Em uma transmissão recente, ele negou a pandemia e a necessidade de isolamento social.

"Vão para a rua, tá OK? Que pandemia? Isso é história da mídia aí, para trancar você dentro de casa, para achar que o mundo está acabando. É só uma gripezinha, irmão", disse durante a live o filho gamer do presidente. Ele ainda disse que prefere morrer transando a morrer tossindo.

Em sua conta no Twitter, escreveu: "fui banido da Twitch para sempre". "Interessante é que a rede social mantém perfis que disseminam claramente a misandria (ódio, o desprezo ou o preconceito contra homens ou meninos), mas não suportam uma brincadeira, por mais pesada que fosse", disse.
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No post, ele compartilhou uma imagem com a logomarca da Twitch com um fundo vermelho, uma foice e um martelo ao lado. Seu canal na Twitch tinha mais de 50 mil seguidores.