Voluntária de ação social foi agredida e teve adesivo do Pantanal arrancado do carro - AFP
Voluntária de ação social foi agredida e teve adesivo do Pantanal arrancado do carroAFP
Por MARTHA IMENES

As ações da sociedade civil para despertar governos e população sobre a importância do bioma do Pantanal não param de crescer. Um grupo de pré-adolescentes de Pará de Minas, a 90 km da capital do estado mineiro, criou um perfil no Instagram (@projeto_ambiente_) para mostrar os efeitos das queimadas não só no Pantanal, mas seus reflexos em outros estados. A iniciativa chamou atenção da atriz Cristiana Oliveira, que interpretou Juma Marruá na novela 'Pantanal', que agora segue a página. A garotada, consciente da necessidade de recuperação do meio ambiente como um todo, vai lançar uma campanha para incentivar o plantio de mudas em todo país. A ideia é cada criança plantar uma muda, postar uma foto no Instagram e marcar a página na rede social.

O grupo é formado por Aila Almeida, Amanda Dutra, Ana Beatriz Medina Fonseca, Bruna Oliveira, Luana Melgaço, Nina Cabral, Sara Rocha Goebel, Vitória Rezende e Felipe Imenes, todos com 11 anos, e Clarissa Bonetti, de 12. A página tem fotos e indica como ajudar o Pantanal - inclusive lista de organizações que são comprometidas com o meio ambiente. As crianças cobram de autoridades ações mais eficazes de combate ao fogo.

A reivindicação do grupo encontra respaldo nos números. Pouca vegetação resistiu por onde o fogo já passou: 33% da área do Pantanal em Mato Grosso viraram cinzas. Só em setembro, o Inpe notificou mais de 6.048 pontos de queimadas no Pantanal. É o pior mês em registros desde o início da série histórica, em 1998. Em 2020, já são quase 16 mil. Embora tenha decretado estado de emergência em julho, o governo do estado ainda aguarda o repasse dos R$ 10 milhões que o governo federal anunciou para o combate ao fogo em Mato Grosso.

Aila conta que a ideia inicial era mais simples: "Nós espalharíamos cartazes pela cidade e na escola, mas depois levamos a ideia para internet, porque assim alcança mais pessoas", diz. "Além da proteção dos animais e do Pantanal, nosso objetivo é conscientizar nossa cidade, Pará de Minas, que está sofrendo com a queimada que destrói o nosso ar, além de baixar a umidade e poluir o meio ambiente", explica Felipe.

Na Amazônia, desmatamento

Cobrado por investidores brasileiros e estrangeiros, o vice-presidente Hamilton Mourão admitiu que o governo demorou a tomar as medidas para combater desmatamento na Região Amazônica. Ele considera que os índices de desmatamento na Amazônia Legal chegaram a um patamar inaceitável em 2019.

"Em termos de desmatamento, não será melhor (em 2020), porque deveríamos ter começado o combate ao desmatamento em dezembro do ano passado ou, no mais tardar, em janeiro deste ano. Fomos começar em maio".

Para a assessora política do Instituto de Estudos Socioambientais (Inesc), Alessandra Cardoso, a redução das forças de fiscalização de órgãos como Ibama e Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) é reflexo da incapacidade de controlar a situação.

"A disputa dos militares pelo protagonismo da ação contra o desmatamento na Amazônia e a orientação de recursos orçamentários para a pasta da Defesa, em detrimento dos órgãos ambientais, configura uma ação de desmonte da política de clima e proteção da floresta no Brasil."

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