Por marta.valim

Apesar de ainda não ter havido uma formalização de apoio mútuo, o pré-candidato ao governo do Rio de Janeiro, senador Lindbergh Farias (PT-RJ), e a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ) estão muito próximos de firmar uma aliança das esquerdas para polarizar a eleição de outubro com os pré-candidatos Anthony Garotinho (PR) e Marcelo Crivella (PRB), que hoje aparecem na primeira e na segunda opção, respectivamente, nas pesquisas de intenção de voto.

Lideranças fluminenses do PT e do PCdoB estavam num impasse quanto ao nome que encabeçaria a chapa, já que ambos os candidatos não admitiam renunciar à disputa. Em um acordo entre o presidente regional do PT, o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, e líderes do partido comunista, ficou decidida a manutenção da pré-candidatura de Lindbergh e a entrada de Jandira na chapa para concorrer ao Senado ou tentar a reeleição na Câmara Federal.

No curto e no médio prazos, a aliança pode dar mais esperanças a quem só tem visto o lado negativo da insistência de Lindbergh na candidatura. Os mais pessimistas argumentam que os sucessivos encontros de Dilma Rousseff com o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), e o ex-governador Sérgio Cabral (PMDB) estariam sinalizando que a presidenta não dará atenção especial e exclusiva ao candidato de seu partido.

No longo prazo, a aliança entre petistas e comunistas, além de tentar quebrar a força do PMDB no estado e na capital, governada pelo peemedebista Eduardo Paes, dá a possibilidade a Jandira de chegar mais perto de concretizar um sonho em 2016: o de ser prefeita do Rio. Por isso, a deputada não vê tanto ônus na decisão de adiar a chance de assumir um cargo no Executivo. Some-se a isso o fato de que Jandira aparece apenas em sexto lugar nas sondagens de intenção de voto no Estado.

Nos bastidores, comenta-se que Jandira está avaliando o grau de riscos entre escolher Senado e Câmara. O desejo de disputar o primeiro faria com que a deputada enterrasse o trauma que ela carrega desde 2006, quando liderou durante meses as pesquisas de intenção de voto para o Senado, mas perdeu a eleição para Francisco Dornelles (PP), depois de uma campanha de setores conservadores que associavam sua imagem à prática do aborto. Na Câmara, Jandira teria mais chances de vitória, além de ter um nome forte para se tornar puxadora de votos e aumentar a bancada parlamentar.

A assessoria de Lindbergh informou que “existe um entendimento entre os dois candidatos e é muito provável que haja um apoio entre os partidos, levando-se em conta que o PCdoB é um partido da base aliada e que ambos guardam muitas semelhanças em seus projetos de governo”. Porém, ainda segundo a assessoria, “é cedo para dizer que Jandira Feghali seria candidata numa chapa encabeçada pelo senador, até mesmo porque Lindbergh tem muito respeito pela deputada e por sua candidatura ao governo do Estado”.
Entre as legendas à direita da esquerda, como PSDB e DEM, há também uma estratégia para se destacar entre os números pouco expressivos nas pesquisas de intenção de voto (tecnicamente empatados, Garotinho e Crivella são seguidos por Lindbergh Farias, Cesar Maia, Luiz Fernando Pezão e Jandira Feghali).

“De nossa parte, o natural é PSDB e DEM ensejarem juntos nos níveis nacional e estadual. Sobre isso se está trabalhando, levando em conta que nem essa coligação pode esquecer as partes (candidaturas a deputados), nem essas podem perder o foco e esquecer as majoritárias. Para ser coerente, deve-se esgotar as duas coisas e torná-las convergentes. É nisso que temos trabalhado e está em processo de finalização”, disse o ex-prefeito do Rio e pré-candidato Cesar Maia.

Apesar do comentado encontro, na semana passada, entre o presidenciável tucano Aécio Neves e os dissidentes do PMDB fluminense que não apoiam a reeleição de Dilma Rousseff, o presidente regional do PSDB, deputado Luiz Paulo, também acredita na possibilidade de uma aliança com o DEM, apesar de admitir que seu partido pode até a segunda quinzena de maio apresentar um nome próprio para a disputa ao Palácio Guanabara.
“Temos algumas hipóteses e é possível que o DEM seja a maior delas. Por outro lado, ainda não existe uma decisão no PSDB do Rio. Há alguns nomes próprios que podem vir a disputar a eleição para governador do estado, mas, por enquanto, prefiro não falar disso”, disse Luiz Paulo, rechaçando uma aliança dos tucanos com o PMDB. “Há uma dissidência interna dentro do PMDB, mas o Pezão apoia a Dilma e o nosso candidato (Aécio Neves) é o extremo oposto dela”, resumiu.

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