Os dois parlamentares mais bem votados em 2010 estão fora da disputa deste ano por uma das oito vagas reservadas ao Distrito Federal na Câmara dos Deputados. Juntos, eles somaram mais de 30% dos votos e sua saída do pleito abre espaço para a renovação de quadro em uma das mais concorridas bancadas federais do país. Antônio Reguffe, do PDT, proporcionalmente o deputado mais bem votado do Brasil, com 18,95% dos votos, deve se candidatar ao Senado, ou sair como vice-governador numa chapa majoritária formada com o senador Rodrigo Rollemberg, do PSB — que vai disputar o governo contra Agnelo Queiroz (PT). Já o petista Paulo Tadeu, segundo colocado na última eleição, com 11,7% dos votos, saiu da vida política em 2012, ao assumir o cargo vitalício de conselheiro no Tribunal de Contas do Distrito Federal. Além deles, o deputado Luiz Pitiman, que deixou o PMDB para entrar no PSDB, vai concorrer ao governo distrital.
“Há nomes de peso de olho nas vagas deixadas pelos deputados e esta promete ser uma das eleições mais caras do Distrito Federal”, afirma o cientista político Antônio Flávio Testa, da Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, diante das composições partidárias sendo firmadas no cenário pré-eleitoral, há grandes chances de o PT manter seu atual número de representantes, com três deputados, enquanto o PMDB pode conquistar duas cadeiras, deixando que PR, PP e PSB fiquem, cada um, com as três vagas restantes. “Mas, tudo vai depender do desempenho da aliança firmada entre Joaquim Roriz, Luiz Estevão (ambos no PRTB) José Roberto Arruda (PR)”, frisa, mencionando que apesar das denúncias do passado, os dois ex-governadores e o ex-senador ainda detêm forte capital eleitoral.
De acordo com o cientista político, há grandes chances de a deputada Jaqueline Roriz, do PMN, filha de Joaquim Roriz, renovar o mandato, apesar das denúncias de envolvimento no mensalão do DEM, que quase a fizeram perder o cargo eletivo em 2011. “Se não fosse o cacife eleitoral do pai, dificilmente ela conseguiria se reeleger este ano”, frisa. Entre os novos nomes, Testa destaca que há forte potencial na candidatura do ex-secretário de Segurança do governo Agnelo Queiroz, Sandro Avelar (PMDB), que tem grande eleitorado entre os policiais civis e militares, assim como o ex-governador Paulo Octávio, que pode se candidatar pelo PP: “O voto dos evangélicos também têm muita força em Brasília. São grandes as chances do pastor Ronaldo Fonseca (Pros) se reeleger e também são competitivos o bispo Rodovalho (PMDB) e o bispo Renato (PR)”.
Com a saída do fenômeno Antônio Reguffe do páreo — que conquistou expressivo número de votos após abrir mão de benefícios quando era deputado distrital, entre eles 14º e 15º salários, além de verbas indenizatórias e cotas de passagens aéreas — o PDT vai apostar em outra forte liderança local: Jovita Rosa, diretora do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). “Reguffe conquistou os votos dos jovens e do pessoal de classe média porque resgatava valores éticos, hoje raros em Brasília, e acreditamos que conseguiremos bons resultados trazendo candidatos com perfis semelhantes”, afirma o presidente do PDT-DF, Georges Michel Sobrinho. Ele confirma a candidatura de André Lima, uma dos maiores articuladores da Rede Sustentabilidade no Planalto Central, que conta com apoio de Marina Silva.
Já o PMDB, que perdeu seu único representante eleito em 2010 para o PSDB, quer recuperar o espaço perdido nestas eleições. “Estamos lançando os nomes do tenente-coronel Mauro Rogério; do ex-secretário de Segurança Sandro Avelar; além do deputado distrital Roney Nemer; e da diretora de mesa do Senado, Claudia Lyra”, afirma Tadeu Filipelli, presidente do PMDB-DF.
O PT por sua vez, tem 12 pré-candidatos, sendo que um deles, Geraldo Magela Pereira, eleito em 2010 com 6,14% dos votos, pode tentar uma candidatura ao Senado. “Eu vou buscar a reeleição, assim como Erika Kokay. Mas vamos tentar emplacar as candidaturas de Rafael Barbosa, ex-secretário de Saúde; e dos deputados distritais Cabo Patrício e Chico Leite”, afirma o deputado Roberto Policarpo Fagundes, suplente de Paulo Tadeu, presidente do PT-DF.
Confiante que as candidaturas majoritárias para governo e Presidência podem alavancar os votos de legenda, o PSB está investindo em lideranças empresariais de Brasília. “Conosco estão Wilson Granjeiro (conhecido como o Mestre dos Concursos), Jaime Recena (empresário e presidente da Abrasel-DF) e o diplomata Jean Marcel”, enumera Marcos Dantas, presidente do PSB-DF. Pelo PSDB, é garantida a presença do deputado Izalci Lucas Ferreira que tentará a reeleição, além dos nomes da ex-governadora Maria de Lourdes Abadia e do ex-secretário de Obras, Márcio Machado.