Por bruno.dutra

Rio - Tão acirrada quanto as pesquisas de intenção de voto de institutos como Ibope, Datafolha e Vox Populi, a batalha entre eleitores de Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) se reflete com a mesma indefinição nas redes sociais. A guerra virtual, por ora sem vencedor, está sendo medida de hora em hora pela ferramenta de monitoramento NetBase, a mesma utilizada nas campanhas de Angela Merkel e Barack Obama.

Na plataforma, que está sendo implementada em parceria com a Polis Consulting, empresa especializada em tecnologias e serviços em mídia social digital, é possível visualizar, de hora em hora, as menções positivas e negativas a cada um dos candidatos, o potencial de repercussão das postagens e a localização geográfica dos internautas engajados.

Diretor executivo da Polis Consulting, Alexander Schmitz-Kohlitz afirma que, diferente das ferramentas que vinham monitorando as citações aos candidatos sem saber, no entanto, calcular se elas eram positivas ou negativas, a NetBase, através de um conjunto de palavras cadastradas, consegue interpretar a “paixão” das menções.

“A maior parte das ferramentas faz a análise quantitativa. A NetBase entende, com uma precisão de 80%, o que está sendo falado, se falam bem ou mal, e entende também o grau da intensidade do que está sendo dito nas redes. A ferramenta entende que ‘Eu odeio fulano’ é diferente de ‘Eu não gosto de fulano’”, explica Schmitz-Kohlitz.

Ontem, entre 16h e 17h, Aécio teve aproximadamente 7,8 mil menções, com nível de sentimento (média entre citações positivas e negativas, em que -100 é o mais negativo e +100 é o mais positivo) de nível +33. Na mesma faixa de horário, Dilma registrou menos menções nas redes sociais — 6,4 mil.

O sentimento em relação à candidata petista também era positivo, +18. Apesar de números inferiores em relação ao tucano, o potencial de repercussão de Dilma na rede era mais que o dobro do senador mineiro.A citação a Dilma pode ter sido vista por 42 milhões de pessoas naquele horário, enquanto o potencial de Aécio foi de atingir 16 milhões.

Esse potencial de repercussão depende de quem posta a mensagem sobre um determinado candidato. Se o autor do post tem muitos seguidores, tanto maior será a capacidade que ele tem para repercutir a informação.

Ontem, na lista dos tópicos mais citados e relacionados a Aécio, estava a Petrobras e o nome do ex-presidente Lula. Nos principais tópicos ligados a Dilma, estavam o ex-presidente Fernando Henrique e Chico Buarque, em decorrência da notícia de que o compositor gravou uma mensagem para a campanha da petista.

O “sentimento” do eleitorado medido nas redes, no entanto, ainda não pode ser uma métrica traduzível no resultado das urnas, como exemplifica a gerente de projetos da Polis, Ingrid Mantovani: “Aécio pode ter muito volume positivo, mas porque o eleitor da Dilma não está falando nas redes sociais. Por outro lado, as posições positivas e negativas atingem muitas pessoas e podem, sim, influenciar o voto”, argumenta ela.

Para Schmitz-Kohlitz, as redes sociais ainda não são representativas de toda a população brasileira. Por isso, segundo ele, “não dá para extrapolar e dizer que isso dá uma ideia do que acontecerá nas urnas”. “Talvez daqui a 20 ou 30 anos, Datafolha e Ibope captarão dados em tempo real como agora estamos fazendo com a comunidade das redes sociais. Aí, sim, teremos uma ideia boa do que acontecerá nas urnas”, aposta o diretor-executivo da Polis Consulting.

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