Por bruno.dutra

Brasília - O PT está decidido a barrar a pretensão do líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), de ser presidente da Casa. A bancada petista decidiu ontem lançar um candidato e criar uma comissão para arregimentar aliados entre a base do governo. O PT defende que seja mantido o acordo feito, na atual legislatura, de revezamento com o PMDB, atualmente no cargo.

O assunto foi levado à presidenta Dilma Rousseff em encontro com a atual e a nova bancada do PT na Câmara e no Senado, além de governadores atuais e eleitos. No encontro, que celebrou a vitória do PT nas urnas, os integrantes do partido fizeram uma avaliação do resultado das eleições — onde ganhou e onde perdeu — e traçou estratégias para o novo mandato, que não será fácil.

A dificuldade do PT está em enfrentar o chamado blocão informal, comandado por Cunha, que pode compor a maioria. “Somos o partido do governo. Jamais vamos concordar com um candidato que signifique uma candidatura de oposição”, disse Vicentinho, sem citar Cunha. O líder não apontou nomes a serem indicados para o cargo. “Felizmente, temos vários nomes. Mas, com certeza, vamos discutir da maneira mais unida possível e logo saberão quem é”.
Entre as possibilidades estão Arlindo Chinaglia (SP), atual 1º vice-presidente, e Marco Maia (RS), que já presidiu a Casa. Chinaglia, Maia e Vicentinho vão compor a comissão, formada também por Geraldo Magela (DF) e José Guimarães (CE).

Para enfrentar o blocão, composto por parte do PMDB, PTB, PR, PSC e Solidariedade (SDD), Vicentinho disse que a comissão procurará todos os partidos, e não apenas os da base: “Vamos ter diálogo com os partidos da base e com os outros, mas vamos começar com a base”.

A decisão vem em um momento delicado para o governo, com pautas que, se aprovadas, elevarão os gastos públicos. Brevemente o governo terá que enviar uma proposta de alteração na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), para reduzir a meta de superávit primário, uma vez que não cumprirá a meta prevista para este ano.

Os descontentes do PMDB ameaçam se juntar à oposição para rejeitar a proposta. “Há uma preocupação grande com essa questão fiscal e realmente precisamos do apoio do PMDB. Mas não dependemos só desse partido. A nossa base é maior e contamos com um número grande de deputados”, disse um parlamentar que participou da reunião da bancada do PT e preferiu não se identificar. “O PT não vai abrir mão de lançar um nome em função da chantagem de qualquer partido”, completou.

As pautas que correm tanto no Senado quanto na Câmara também foram assunto do encontro com a presidenta Dilma. Além dos deputados, também a bancada do Senado se reuniu ontem, em São Paulo, com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e com o presidente do partido, Rui Falcão.

Segundo o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), a avaliação foi de que o governo enfrentará uma oposição qualificada, especialmente no Senado, com o ingresso dos tucanos Tasso Jereissati (CE), José Serra (SP) e Antonio Anastasia (MG): “Se é um desafio por um lado, tornará o debate mais rico, o que abre a possibilidade de negociação nas propostas”.

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