Por bruno.dutra
Brasília - O PT reagiu rápido, mostrando que continua quente o clima da campanha para a presidência da Câmara. Na terça-feira, o candidato do PMDB, Eduardo Cunha (RJ), ameaçou fazer oposição ao governo, caso saia derrotado na eleição. Além disso, falou em “sequelas” na relação PT-PMDB, se o Planalto interferir pelo candidato petista ao cargo, Arlindo Chinaglia (SP). Ontem, o líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), convocou a imprensa para criticar a declaração de Cunha como “infeliz” e dizer que “ameaçar com sequelas não é nada democrático”.
Fontana chamou os jornalistas logo após reunir-se com o ministro-chefe da Secretaria das Relações Institucionais, Pepe Vargas. “Se são dois candidatos da base, um do partido do vice-presidente da República e outro da presidenta, qualquer um dos dois tem que saber ganhar ou perder sem ameaçar com sequelas”.
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O líder do governo negou que haja qualquer tentativa de cooptação de parlamentares, com troca de votos por cargos, seja no segundo escalão do governo federal, seja em governos estaduais. Cunha tem declarado ter recebido informações de que ministros petistas estariam propondo a troca de favores a parlamentares e pressionado governadores e prefeitos em prol do candidato do PT.
“Não posso aceitar uma frase ingênua de que os votos que um candidato ganhe seriam fruto da sua capacidade política de ganhar o voto, e os votos que o outro candidato ganhe são fruto do mau caminho da cooptação”, afirmou Fontana, que é um dos coordenadores da campanha de Chinaglia. O parlamentar garantiu que nenhum dos telefonemas que tem dado para pedir votos para Chinaglia envolve a política do “toma lá, dá cá”. Disse que tem procurado a adesão de outros partidos com propostas no âmbito apenas do Parlamento, para formação de bloco.
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“Estamos fazendo propostas a partidos, se quiserem compor um bloco conosco. E também falando de uma proposta de analisar com todo equilíbrio e justeza a distribuição de espaços institucionais na Câmara”, disse, referindo-se aos demais cargos da Mesa Diretora da Câmara e das comissões a serem compostas após a eleição.
Embora não tenha admitido que ministros do governo Dilma estejam pedindo votos para o PT, Fontana defendeu como “legítima” a atuação de titulares de pastas ministeriais em favor do partido a que pertencem. “É legitimo, do mesmo jeito que um ministro do PMDB, como militante do PMDB, apoie a candidatura do Eduardo, que o ministro do PT tenha simpatia pela candidatura do Arlindo”. Quando perguntado se havia ministros do PT pedindo votos, esquivou-se. “Posso dizer que eu estou pedindo votos para o Arlindo”, disse. “Mas se repente, o ministro X, do PMDB, telefona para fulano de tal pedindo apoio para o Eduardo, o ministro está interferindo? Nada disso, é normal. O ministro está pedindo voto para o candidato do partido dele”.
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Outra atitude de Cunha condenada ontem pelo líder do governo foi a acusação de que pessoas do alto escalão da Policia Federal teriam forjado uma gravação para prejudicar a sua candidatura. “Se essa gravação é falsa, o que ele deve fazer é colocar a denúncia dizendo que é falsa, mas não criar uma outra falsa acusação”, disse, em referência ao fato de Cunha ter insinuado que a ideia da “montagem” da gravação teria partido do governo. “Isso é para polícia e outros órgãos que vão investigar. Chamar a imprensa para acusar o governo e a Polícia Federal é algo inaceitável”, insistiu.