Por bruno.dutra

Rio - O Diretório Nacional do Partido Democrático Trabalhista (PDT), composto por 281 membros, poderá votar no próximo dia 15 se permanece ou não na base aliada do governo da presidenta Dilma Rousseff. A reunião, que acontecerá no Rio de Janeiro, foi convocada para que se faça uma análise política da conjuntura nacional. Mas é esperado que alguma liderança coloque o assunto em pauta e convoque o pleito. Fora da Convenção Nacional, a decisão dos integrantes do Diretório é soberana.

Segundo membros da cúpula do PDT, a situação está ficando insustentável. E se agravou ainda mais com as declarações do presidente nacional do partido, Carlos Lupi, em reunião fechada com correligionários em São Paulo, na semana passada. O áudio das críticas feitas por Lupi ao PT, que “se esgotou”, e aos petistas, “que roubaram demais”, vazou e teve seu conteúdo publicado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”.

Um dos principais líderes nacionais do PDT, o senador Cristóvam Buarque (DF) afirmou ao Brasil Econômico que vai ao encontro do dia 15 com o objetivo de defender a saída da legenda da base aliada. Para o parlamentar, há uma insatisfação generalizada no partido, mas, apesar disso, os próximos passos estarão condicionados à mão de ferro de Carlos Lupi. “Eu não tenho a menor ideia do que vai acontecer. O Lupi é quem controla o partido, ele é quem decide”, criticou.

Em carta aberta a Lupi, Cristóvam Buarque e os senadores pedetistas Lasier Martins (RS), Zeze Perrella (MG), Telmário Mota (RR) e Reguffe (DF) alertam para o risco de “aniquilamento do PDT se não fizermos algumas mudanças profundas nos rumos do nosso partido” e que “o risco existe se continuarmos atrelados ao atual bloco governista, formado especialmente pelo PMDB como força dominante”, informa o documento. Apenas o senador Acir Gurcacz (RO) não assinou a carta.

Segundo uma fonte do PDT gaúcho, que tem 62 dos 281 membros nacionais com direito a voto, 80% dos integrantes do Diretório Nacional naquele estado estão insatisfeitos com a presença do partido no governo petista e poderiam votar pela saída. O senador Cristóvam Buarque garante que a insatisfação na sede do estado de Leonel Brizola é maior. “O Rio Grande do Sul não está dividido, a grande maioria é a favor de sair. O Lasier (senador) disse que tem circulado por lá e que onde vai há grupos do PDT que defendem a saída. Em Brasília, tanto eu quanto Reguffe também somos a favor”.

No Rio de Janeiro, que tem entre 80 e 90 membros no Diretório Nacional, o desejo da maioria também é de desembarque do governo de Dilma. Mas o peso da opinião do presidente nacional do partido é maior, já que o estado é o berço político da militância pedetista.

Lupi admite que há uma grande discussão dentro do PDT sobre os rumos do governo, mas insiste que a legenda não quer ir para a oposição. “Não queremos jamais ser confundidos com essa linha de pensamento mais à direita, com esse discurso udenista. Queremos discutir um projeto trabalhista e nacionalista”, disse, ecoando uma palavra que vem sendo repetida por outros pededistas para amenizar o conflito e que não deixa claro se a proposta é romper ou continuar no governo: independência.

Em entrevista recente ao Brasil Econômico, o ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini (PT), deu sinais de que está trabalhando para demover os pedetistas insatisfeitos, lembrando do “vínculo histórico” do partido com o projeto de Dilma e da filiação da presidenta ao PDT no passado. “Tenho dialogado com muitos deputados do PDT que são muito atuantes e pessoas muito corretas”.

Sem querer polemizar com as declarações de Cristóvam Buarque de que manda no partido, Lupi disse que a pauta do encontro nacional terá assuntos como maioridade penal e terceirização, “mas nada impede que alguém queira discutir se o partido deixa ou não o governo”. Entretanto, disse que, “independentemente do resultado”, propôs ao PDT que se comece a construir um programa para lançar um candidato à Presidência da República em 2018.

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