Por bruno.dutra

São Paulo - Com o deputado federal Celso Russomanno como um dos nomes fortes para a disputa à Prefeitura de São Paulo no ano que vem, o PRB tem trabalhado para se fortalecer e tentar expandir sua imagem para além dos domínios da Igreja Universal do Reino de Deus.

Apesar de não ser ligado diretamente à denominação neopentecostal, o parlamentar tem o quadro sobre defesa do consumidor que apresenta na Rede Record, de propriedade da Universal, como seu palanque eletrônico.

Na eleição municipal de 2012, o apresentador de TV terminou na terceira colocação, depois de liderar a disputa durante boa parte da campanha. Uma proposta desastrada, de cobrar tarifas de ônibus proporcionais aos quilômetros rodados pelo passageiro, foi apontada como o principal motivo da derrocada do candidato. A ideia, uma espécie de bilhete único às avessas, aumentaria o gasto com transportes dos moradores da periferia, justamente onde se concentrava a votação de Russomanno.

De lá para cá, o deputado conseguiu reforçar ainda mais seu nome. Pesquisas internas dos partidos o apontam como o possível candidato mais citado entre os eleitores nas sondagens para a eleição municipal do ano que vem, a frente de nomes importantes da política nacional, como a senadora Marta Suplicy (sem partido), o atual prefeito, Fernando Haddad (PT), e o senador José Serra (PSDB) — incluído em alguns cenários, embora o PSDB afirme a intenção de lançar um candidato novo. Desde 2000, apenas Serra e o governador Geraldo Alckmin foram apresentados pelos tucanos para as disputas majoritárias no estado e na capital paulista.

Em 2014, Russomanno foi o deputado federal eleito com maior votação do país, em torno de 1,5 milhão de votos. Parte expressiva do eleitorado é composta de paulistanos, principalmente da periferia. Políticos adversários admitem que o número de eleitores do parlamentar chamou a atenção, principalmente porque eram dignos de candidato majoritário em algumas urnas. O resultado de Russomanno foi fundamental para que o partido conseguisse eleger oito deputados federais pelo estado, de uma bancada nacional total de 21. Fazem parte da bancada paulista do PRB o ex-prefeito de Santos Beto Mansur, o cantor Sérgio Reis e quatro pastores da Igreja Universal. O resultado também foi importante para aumentar o tempo de TV do partido, por conta do crescimento total no número de eleitos.

Assim como Russomanno, que se declara católico, os dirigentes do partido trabalham para descolar a imagem do PRB da igreja neopentecostal. “Dos 21 deputados federais do PRB, a metade não é da Universal. Dos 1.204 vereadores em todo o Brasil, apenas 70 são ligados à igreja. E dos 79 prefeitos, só um tem algum laço com a entidade. Esse ‘perfil’ já não retrata a realidade há muito tempo”, afirma o presidente do diretório municipal de São Paulo do partido, Aildo Rodrigues. No caso do legislativo paulista, porém, a proporção ainda é maior.

Dos quatro deputados estaduais, apenas um não tem ligação direta com a Universal: Jorge Wilson, que também trabalha a questão de direito do consumidor e fez dobradinha como apresentador.

Rodrigues tem o desafio também de reforçar a bancada municipal do PRB. Atualmente, apenas o bispo Atílio Francisco, da Universal, cumpre mandato como vereador na cidade.Também ligado à igreja fundada por Edir Macedo, Jean Madeira foi eleito, mas é o titular da Secretaria dos Esportes, Lazer e Turismo do governo Alckmin. O PRB também comanda o Esporte em nível nacional, com o ministro George Hilton. Rodrigues acha que a pasta não deve ajudar o partido, que já teve o boxeador Acelino Popó (BA) como deputado, a atrair atletas e ex-atletas.

De olho em nomes conhecidos e sem ligação com a igreja, o PRB deve filiar amanhã o socialite Chiquinho Scarpa. Segundo o partido, o novo filiado já demonstrou interesse em ser candidato a vereador. O partido sabe, por experiência própria, que nomes conhecidos não garantem vitória eleitoral. Apesar de ter elegido Reis, o humorista Batoré e os cantores Sula Miranda e Dalvan não conseguiram o mesmo sucesso nas urnas. Por isso, o PRB busca um perfil variado. Anteontem, por exemplo, foi abonada a filiação da ex-senadora e ex-petista Serys Slhessarenko, que deve ser candidata a prefeita de Cuiabá (MT).

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