Por bruno.dutra

No meio do gramado, sozinho, aparece Pelé com a mão na coxa durante o jogo Brasil x Tchecoslováquia, em 1962, no Chile. Era o fim da Copa para o maior jogador de futebol de todos os tempos. E a torcida viveu dias de angústia: o que seria da seleção sem o Rei? O técnico Aymoré Moreira pensou rápido e escalou Amarildo, que cumpriu bem a missão e foi apelidado de “Possesso” por Nelson Rodrigues. Mas havia no time outras estrelas como Nilton Santos, Didi e o endiabrado Garrincha. Com suas pernas tortas, Mané fez milagres. Sua atuação no 3 a 1 contra a Inglaterra entrou para história e ajudou o Brasil a se tornar bicampeão do mundo.

Neymar é craque, mas não tem a dimensão de Pelé. E não se veja nenhum demérito nisso. Pelé é incomparável. Aos 17 anos já era campeão mundial, é o único jogador a ter conquistado três Copas e também foi bicampeão mundial de clubes (pobre do Maradona!). Mas o garoto do Barcelona também é cria do Santos, tem momentos de gênio e vai fazer falta na semifinal de hoje contra a Alemanha.

Com ousadia e movimentos rápidos, Neymar foi decisivo na vitória sobre a Croácia e também desequilibrou no jogo com Camarões. Marcou quatro gols e, na velha expressão do futebol, carregou o time nas costas. Se não teve o mesmo desempenho contra o Chile e a Colômbia, sua presença foi sempre ameaçadora e obrigou os adversários a reforçar a marcação. Neymar se impôs e ganhou merecido destaque.

Sem Neymar, Felipão ficou tão atônito quanto os torcedores. Visivelmente emocionado, não deu a resposta ágil de Aymoré. O que fazer? Uma saída seria completar o time com Willian, companheiro de Oscar e David Luiz no Chelsea. Dizem que ele também é atrevido e não respeita seus marcadores. Outra opção é reforçar o meio de campo com Luiz Gustavo e dar mais liberdade a Oscar para ir ao ataque com Hulk e Fred. Essa é a alternativa preferida por muitos jornalistas esportivos. Dizem eles que, com Oscar à frente, a seleção ganhará mais mobilidade. E terá condições de vencer a forte Alemanha.

Nos famosos bookmakers de Londres, as cotações apontam chances iguais para Brasil e Alemanha. O retorno é o mesmo, cerca de 2,5 libras por uma libra apostada. Já a Argentina é favorita contra a Holanda. Sua vitória paga duas libras por uma, contra quatro por um para os holandeses. Isso não quer dizer muita coisa. Nem sempre os favoritos ganham e apostadores costumam jogar dinheiro fora. O franzino Oscar está prometendo. Fez uma bela partida contra a Croácia, com direito a um gol de bico. E também havia feito um partidaço na final da Copa das Confederações, no ano passado. Hoje, Oscar pode ter seu dia de Mané Garrincha.

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