Por bruno.dutra

Entre os anos 70 e 80, trabalhou na “Folha de S.Paulo” e no “Jornal da Tarde” e foi diretor de redação da revista “Exame”, da Editora Abril. Ontem, teve de usar sua experiência para rebater uma informação explosiva sobre a campanha da presidente Dilma Rousseff. Segundo manchete de “O Globo”, em razão do impacto das denúncias do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, houve uma radical troca de comando no núcleo duro do comitê responsável pela reeleição. O objetivo da mudança seria exatamente de esvaziar a influência de Rui Falcão, por ser “muito próximo” do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, um dos alvos da delação premiada de Costa. O novo coordenador-geral da campanha seria o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.

A notícia causou surpresa, pois, além de anunciar a perda de poderes de Rui, falava do rebaixamento de Giles Azevedo, que foi chefe de gabinete da Presidência. Quem conhece os bastidores do Palácio do Planalto sabe que Giles é homem de integral confiança de Dilma: ele a acompanha há quase 20 anos, desde os tempos do governo Olívio Dutra no Rio Grande do Sul. Em 2010, quando a ministra-chefe da Casa Civil saiu candidata, era impossível falar com ela sem receber o aval de seu fiel escudeiro. No quarto andar do Planalto, não foi diferente. Espaço na agenda da presidente só com o beneplácito de Giles. Portanto, só um terremoto poderia determinar o afastamento do geólogo gaúcho. Giles Azevedo fica aonde sempre esteve: cabe a ele determinar a ordem de prioridade nos compromissos da chefe.

Em nota oficial, a coligação “Com a Força do Povo” assegurou que não houve mudança no comando da campanha. Rui Falcão continua na coordenação geral (para quem não sabe, Rui pegou em armas contra a ditadura e ficou preso em Porto Alegre com Carlos Araújo, então marido de Dilma). O publicitário João Santana é o marqueteiro, o deputado Edinho Silva é o tesoureiro e o jornalista Franklin Martins, ex-ministro de Lula, responde pela área de Comunicação. Num ponto, porém, a reportagem acertou. À formação original do time, vêm se juntar Gilberto Carvalho, que tirou férias da Secretaria-Geral da Presidência, e Miguel Rossetto, que foi exonerado do cargo para se dedicar integralmente ao sonho da reeleição. Se necessário, Ricardo Berzoini, das Relações Institucionais, também será convocado.

Na versão das raposas do PT, o reforço no núcleo duro nada tem a ver com as denúncias que abalaram a Petrobras. O motivo é o desempenho surpreendente da ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva. Entende-se que a polarização com a candidata do PSB está cristalizada e o clima eleitoral já é de segundo turno. Diante disso, vão entrar em campo todos os quadros petistas capazes de ajudar Dilma a virar o jogo, com Lula à frente.

A ideia central é atacar as contradições de Marina e apontar incongruências em seu programa de governo. Isso foi feito, por exemplo, no sábado, quando Lula defendeu na TV os investimentos no pré-sal. O uso de munição mais pesada, como a comparação de Marina com Jânio e Collor, foi considerado necessário no momento em que a adversária ameaçava disparar. Não deve se repetir. Mas Marina que se cuide. Mesmo sem mudar o comando da campanha, o PT aposta firme na reação. Ainda no primeiro turno.

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