Projeto Bombeiro Mirim Reprodução/Rede social
Pais e responsáveis denunciam desorganização no Projeto Bombeiro Mirim de Cabo Frio
Responsáveis afirmam que CNPJ do curso seria falso; os acusados negam. CBMERJ informou que, apesar de bombeiros participarem, "o projeto não é oficial da corporação e trata-se de uma iniciativa privada"
Cabo Frio - Pais e responsáveis entraram em contato com o Jornal O Dia, na quinta-feira (27), para denunciar uma série de problemas enfrentados desde o início do Projeto Bombeiro Mirim, iniciado em abril deste ano. Apesar das expectativas geradas pelas redes sociais e reuniões de apresentação, onde foi oferecida uma proposta atrativa, as promessas feitas não estão sendo cumpridas, segundo eles, causando frustração e desconfiança.
Conforme os relatos, as aulas são desorganizadas, realizadas em um local com estrutura precária e sem condições adequadas. Além disso, a constante troca de instrutores, a ausência dos coordenadores responsáveis e a falta de informações precisas têm gerado insatisfação. O cronograma estabelecido no início do projeto não estaria sendo seguido, e os materiais prometidos para as atividades, como uniformes completos, sacochila e boné, não foram entregues conforme anunciado.
Em relação aos instrutores, em nota, responsáveis pelo curso afirmaram que “não é o instrutor que monta os planos de aula, temos a consultoria de um Bombeiro Militar com mais de 20 anos de experiência na área. Temos instrutores Bombeiros Militares e Bombeiros Civis, nem todos tem o mesmo perfil didático, quando o instrutor não supre nossas necessidades, o substituímos”.
Um episódio que gerou grande preocupação aconteceu durante uma aula sobre técnicas de desengasgo, onde os instrutores utilizaram um casaco no lugar de um boneco adequado. Esse improviso levantou questionamentos quanto à segurança e qualidade do aprendizado oferecido pelo projeto. Sobre o caso, responsáveis pelo curso, em nota, informaram “desconhecer o ocorrido”.
“Não temos conhecimento sobre a utilização de um casaco na aula de primeiros socorros. Os planos de aula são passados semanalmente e aguardamos a solicitação de material, pelo instrutor para a referida aula, assim eles são orientados. Inclusive as mães sempre elogiaram o instrutor”, diz a nota.
Os responsáveis também relataram que, apesar de terem pago mensalidades que variam de R$ 90 a R$ 150, além de uma taxa extra para os uniformes, esses itens só foram parcialmente entregues após vários meses, com apenas o short e a camisa. A informação dada pela organização foi que houve mudança de fornecedor, e o novo responsável não produz o boné e a “sacochila” prometidos desde o início.
Em nota, o curso confirmou o problema com a confecção antiga, mas alegou que, neste fim de semana, os uniformes dos alunos que não foram à última aula serão entregues.
“Sobre os uniformes, tivemos um problema com a antiga confecção, trocamos de confecção e os uniformes estão sendo entregues. Inclusive amanhã serão entregues os uniformes dos alunos que não foram na última aula e os itens (sacochila e boné) que vieram faltando de alguns kits”, diz a nota, continuando: “Inclusive uma mãe pediu o estorno pelo uniforme não entregue e demos a ela um prazo de 15 dias para fazermos o estorno”.
Muitos pais, que ainda não receberam os uniformes completos, estão exigindo a devolução do valor investido, mas a empresa tem negado a restituição, o que pode configurar uma violação ao Código de Defesa do Consumidor. Pais e responsáveis também alegam que o CNPJ utilizado pelo projeto seria falso, levantando ainda mais suspeitas sobre a legitimidade da iniciativa. Responsáveis pelo curso negam a informação.
Eles afirmam que, em palestras, os organizadores oferecem condições atrativas para que os responsáveis paguem o valor total do curso antecipadamente, facilitando o parcelamento. No entanto, muitos agora se arrependem e tiveram suas solicitações de estorno negadas. Para aqueles que optaram pelo pagamento por boleto, o contrato estabelece uma multa para cancelamento antes de 12 meses, o que gera revolta e sensação de aprisionamento para os pais que se encontram insatisfeitos.
Ainda segundo a denúncia, as aulas, realizadas no São Cristóvão Futebol Clube, em São Cristóvão, são realizadas em um ambiente abafado, sem ventilação adequada, sem água potável, com piso irregular e sujo, além de banheiros em condições precárias. Esses fatores têm contribuído para a insatisfação geral e motivado os responsáveis a buscar seus direitos.
Com relação ao fato, o curso disse que a responsabilidade da limpeza do local é do Clube. “Sobre o local, pagamos pelo espaço, portanto, a responsabilidade da manutenção e limpeza do local é do clube. Tivemos uma reunião com o presidente do clube e o mesmo disse que resolverá o problema”, afirma a nota.
Diante das inúmeras irregularidades, muitos já registraram denúncias no Procon, levantando suspeitas de que o projeto possa ser um golpe, especialmente considerando que novos alunos continuam a ser admitidos, enquanto as propagandas seguem ativas em redes sociais, escolas e outros locais, perpetuando a situação.
O Jornal entrou em contato com o Corpo de Bombeiros para questionar se a corporação tem alguma ligação com o projeto. Em nota, a instituição informou que, apesar de bombeiros participarem, “o projeto não é oficial da corporação e trata-se de uma iniciativa privada”.
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