Jefferson propõe articular a instalação da Faculdade Federal de Medicina em Campos Foto Divulgação

CAMPOS - Uma campanha limpa e propositiva, sem ataques pessoais nem agressões: “O povo está cansado desse tipo de política. Devemos discutir o que realmente importa: o futuro de Campos”. Essa é a linha adotada por Jefferson Manhães de Azevedo, conhecido como Professor Jefferson, candidato a prefeito de Campos dos Goytacazes (RJ), pela coligação “Brasil da Esperança” (PC, PC do B e PV).
Professor do Instituto Federal Fluminense (IFF), de onde foi reitor durante oito anos, Jefferson defende uma sociedade mais justa, próspera e com direitos iguais para todos: “Entendo que, a partir da Educação, podemos transformar sonho em realidade e mudar a vida das pessoas”.
Aos 55 anos de idade, pela primeira vez o professor participa de uma disputa à prefeitura. De forma resumida, ele fala das suas propostas: “Nós temos um projeto de governo construído a partir de um movimento de diálogo e participação”. Acredita que, por ser amigo do presidente Lula, conseguira mais recursos federais para Campos.
No caso da mobilidade, o professor admite a possibilidade de ser criada a Tarifa Zero: “Será por meio do programa Vai de Graça, em todo o território do município e integrando o Transporte Alternativo (vans e micro-ônibus) ao sistema operado pela Empresa Pública de Transporte”. Nesta entrevista, o petista apresenta uma síntese do que pretende para o município, caso se eleja.
ENTREVISTA
O DIA - Qual a avaliação que o professor faz da sua campanha eleitoral?
JEFFERSON - A nossa campanha mantém os pés no chão, com muita vontade e disposição para andar em cada bairro de Campos, ouvindo e dialogando com a população. Nós temos um projeto de governo construído a partir de um movimento de diálogo e participação, algo que em nosso município os antigos gestores nunca tiveram. Em Campos, os políticos preocupam-se sempre com a próxima eleição e nunca com o que realmente é importante: resolver os problemas das pessoas. Nossa caminhada é em busca de discutir junto à população o que é melhor para ela, para transformar e cuidar da vida de todos que moram no município. Nossa campanha é limpa e propositiva, sem ataques pessoais, sem brigas familiares, sem agressões. O povo está cansado desse tipo de política. Devemos discutir o que realmente importa: o futuro de Campos.
Até que ponto o senhor, como candidato do PT, mesmo partido do presidente Lula, estará conectado com o governo federal em benefício de Campos?
“Nós somos amigos do presidente Lula! O governo Federal tem disponibilizado recursos para Campos e quando formos prefeito esses laços se estreitarão ainda mais. Hoje, a cidade é governada por um prefeito declaradamente bolsonarista. Apesar disso, o governo Federal já disponibilizou, por meio de verbas do PAC, R$ 540 milhões para ajudar a combater o problema crônico do Transporte Público do município, que entra governo e sai governo e nunca é resolvido. Eu tenho certeza de que quando formos eleito prefeito, teremos ainda mais ajuda do governo federal, fundamental para as transformações estruturais da dura e penosa realidade de nosso município”.
É a primeira vez que disputa uma eleição desse nível? Qual é a sua principal bandeira?
“Sim, é a primeira vez que concorro como candidato à prefeitura de Campos. A nossa bandeira é a bandeira do povo, da população. É a bandeira da Geração de Emprego e Renda, da Saúde para todos, da Educação de qualidade e do Transporte que funcione. A nossa bandeira é de cuidar das pessoas, de transformar a vida delas.”
Mobilidade urbana é um problema em várias cidades brasileiras; reflete diretamente no transporte coletivo; Campos não é exceção. Qual a solução?
“Temos o projeto de Municipalização do Transporte Público municipal, com a criação da Empresa Pública de Transportes de Campos (EPT), implementação gradativa da política de Tarifa Zero, por meio do programa Vai de Graça, em todo o território do município e integrando o Transporte Alternativo (vans e micro-ônibus) ao sistema operado pela Empresa Pública de Transporte. Também serão criados bicicletários e empréstimo de bicicletas e patinetes elétricos nos principais pontos centrais dos distritos municipais, em especial nos terminais de integração, e nas áreas turísticas do município de Campos. Será implantado um Plano Participativo de Mobilidade Urbana, incentivando a participação ativa da sociedade campista na construção das políticas públicas relativas ao transporte público, trânsito, acessibilidade, ciclovias e ciclofaixas”.
Em município cuja população é pequena a tarifa do transporte público é zero. O senhor está propondo o mesmo para Campos. Qual é a proposta?
“O Vai de Graça é um programa de política pública de mobilidade urbana universal, proporcionando o exercício pleno dos direitos constitucionais da cidadania. Vamos realizar a municipalização do Transporte Público municipal com a criação da Empresa Pública de Transportes de Campos (EPT), implementação gradativa da gratuidade da passagem em todo o território do município e integrando o Transporte Alternativo (vans e micro-ônibus) ao sistema operado pela Empresa Pública de Transporte”.
De que forma buscaria recursos para subsidiar as empresas?
“O transporte público em Campos faliu. Hoje cerca de 100 cidades, menores do que Campos adotam esse sistema tecnicamente chamado de Tarifa Zero. Então, como respondia acima, vamos intervir e criar uma empresa municipal. Temos orçamento para garantir o serviço. Um processo licitatório para agrupar novas concessões demandaria muito tempo e Campos está parada já há quase duas décadas em se tratando de transporte público. Uma equipe técnica será responsável por estabelecer itinerários, onde possamos operar, para em um primeiro momento, de forma eficiente e gradualmente avançar”.

O “calcanhar de Aquiles” de vários administradores municipais e estaduais é saúde pública. O que falta melhorar em Campos?
“Falta melhorar muito, falta responsabilidade com os recursos da saúde. Nós fortaleceremos o sistema básico de saúde, com retorno do Programa Saúde da Família, o que inclui criar parcerias com as instituições que ofertam cursos de Medicina, Fisioterapia, Psicologia, Enfermagem e Assistência Social. Vamos implantar o programa de Telemedicina e Telessaúde, integrado ao programa nacional “SUS Digital”. Faz parte de nosso programa trazer para a cidade a Faculdade Federal de Medicina e buscar meios para implantar um Hospital Federal especializado em Oncologia e Exames de Imagens em nosso município. Criaremos núcleos para atendimentos emergenciais menores, atuando 24h, em localidades estratégicas e mais distantes da área central do município. Vamos reorganizar a saúde com ampliação de exames e medicamentos, articulando com o programa federal “Farmácia Popular” e certamente ampliar o Programa Odontológico, articulando com o Programa Federal “Brasil Sorridente”.
O que o candidato pretende desenvolver no setor agrícola?
“O orçamento do município para a agricultura sempre foi pífio. Esse é um segmento importante da nossa economia. Pretendemos alcançar dois dígitos no orçamento para o setor. Vamos criar o Programa Municipal de Agricultura Familiar, voltado para a produção de alimentos saudáveis, tendo como princípio básico o apoio e assistência à produção atual dos pequenos agricultores e assentados, buscando incorporar as milhares de pequenas propriedades do município, assim como criar um Programa Municipal de incentivo e apoio da cadeia produtiva da pesca, valorizando as mulheres que atuam nesse segmento. Além disso, vamos implementar política pública agroindustrial municipal, tendo em vista a larga população de pequenos agricultores e a tradição agropecuária municipal, fomentando, entre outras ações, a organização de pequenas agroindústrias nas comunidades rurais, com apoio técnico de gestão e práticas eficazes. Queremos criar um ambiente de investimentos em Campos dos mais variados segmentos. Há cerca de seis anos a Italac, uma poderosa indústria de laticínios anunciou que viria para Campos. Fazia todo o sentido, mas acabou não vindo. Perdemos a oportunidade. Mas não perderemos mais nenhuma”.
A Educação da rede municipal de Campos acaba de apresentar marca positiva no Ideb. Qual é a proposta para avançar ainda mais?
“Na verdade, o Ideb de Campos foi maquiado graças ao sistema de aprovação automática nas escolas municipais. Nós temos alunos com 10, 11 anos que não sabem ler e escrever e isso é inadmissível. Nós iremos implantar o programa de Escola em Tempo Integral, ampliar o Programa Federal Pé-de-Meia a partir do 6º ano; ofertar cursos de qualificação e formação profissional, articulados com a Educação de Jovens e Adultos. Nós temos que olhar para a Educação como ferramenta transformadora, o que não acontece em Campos”.
Embora o município venha se destacando em geração de empregos, há quem reclame que as oportunidades estão aquém da necessidade. O senhor concorda? O que fazer?
“Campos está entre os 10 municípios com menor média salarial de toda a região sul e sudeste do Brasil. Exportamos nossos talentos e inteligências, pois mesmo tendo o maior Polo Universitário do interior do estado, não temos um Mercado de trabalho que gera emprego e oportunidades de qualidade, absorvendo esses profissionais altamente qualificados. A política municipal de desenvolvimento econômico e socioambiental que implantaremos terá como princípios norteadores a aceleração do crescimento econômico e a inclusão social, gerando emprego e renda, e reduzindo desigualdades sociais e distritais, articuladas com todas as ações do governo federal, especialmente o Novo Pac e sua busca da retomada da industrialização do país. Criaremos o Fundo Soberano, permanente, construído principalmente com recursos dos royalties e participações especiais, para financiamento e garantia das políticas públicas para o desenvolvimento econômico; teremos como princípio a aquisição de produtos e serviços produzidos localmente e a incorporação da mão de obra do município. Programas de fomento à Agricultura e os de incentivos ao Turismo desempenharão papel fundamental na geração de trabalho e renda”.
Turismo e infraestrutura. O que o senhor propõe para esses itens?
“Hoje o turismo em Campos é de passagem. É o trabalhador que se hospeda aqui e trabalha em cidades vizinhas. Isso precisa acabar! Vamos criar o Conselho Municipal de Turismo, a fim de elaborar um Plano Municipal de Turismo, fomentando os diversos segmentos turísticos a partir das potencialidades do município: turismo religioso, turismo histórico-cultural, turismo rural, turismo de sol e praia, turismo acadêmico, ecoturismo, dentre outros. São várias as oportunidades de turismo em nosso município. Teremos um planejamento pautado na construção de uma cidade sustentável, a partir da atividade turística promovendo a melhoria da infraestrutura urbana, da acessibilidade, a regeneração de áreas degradadas e a preservação do patrimônio cultural e natural do município”.
Desenvolvimento humano. Qual é a proposta? O candidato é favorável a programas sociais?
“Toda a nossa história de vida é alicerçada por programas sociais em todos os âmbitos, principalmente na Educação e a formação para a autonomia. A principal ferramenta para o desenvolvimento humano é indiscutivelmente a Educação em todos os seus níveis e modalidades, desde a infantil, a básica, a fundamental, a média e a universitária. O ponto de partida para qualquer projeto de desenvolvimento humana é formação para a vida, para a convivência social e para o trabalho. O IFF, por exemplo, é responsável pela formação de milhares de profissionais que se desenvolveram em todas estas dimensões. Como gestor, tenho a exata noção da importância do que é Desenvolvimento Humano. Essa é um tema muito íntimo na nossa vida”.
O que pretende para livrar o município de uma espécie de “dependência de vida ou morte” dos recursos do petróleo?
“A concepção do Fundo Soberano prevê um percentual de reserva de recursos deste dinheiro que tende a diminuir. Então temos que compor uma reserva estratégica, aliada aos investimentos. Ao mesmo tempo em que, com o Fundo Soberano, criaremos uma poupança para o futuro, ele também é instrumento para investir no fomento de nossos potenciais econômicos. Articulados ao Polo Universitário de Formação Profissional do nosso município e aos programas do novo Pac do governo federal, vamos criar um novo ciclo de industrialização lastreado na transição verde, na transição digital, na economia criativa e na bioeconomia. Se isso for bem feito, aumentaremos a chamada receita própria sem necessariamente aumentar a carga de impostos municipais. Precisamos fazer uma reeducação financeira no orçamento do município. Acho primário considerar que a máquina tem que ser ‘enxugada’ com corte de pessoal ou queda da qualidade de serviços. Com Campos crescendo economicamente, e essa é a concepção do fundo, a arrecadação própria também crescerá”.
Como o senhor avalia o nível das campanhas eleitorais em Campos? Estaria havendo mais ataque pessoal do que proposta?
“Nós sabemos como é o ‘modus operandi’ de alguns candidatos. Ataques pessoais, ataques familiares, mas a gente não está aqui para isso. Estamos para apresentar à população de Campos um projeto de futuro. O que queremos é discutir junto à população os desafios e encontrar soluções para os problemas. O povo de Campos está cansado da política do desrespeito, da política do ódio”.