A peça retrata amplo panorama da violência na sociedade nas mais variadas formas Foto Chico Lima/Divulgação
‘Dois Amores e um Bicho’ relata morte de cão considerado homossexual pelo dono
Peça é premiada e será apresentada no Teatro Sesc Campos, dia 13 próximo, com início às 19h
Campos – A história de um pai de família que mata seu cachorro por considerá-lo homossexual define o premiado espetáculo “Dois Amores e um Bicho”. Com texto do venezuelano Gustavo Ott e produzido pela Notórias Produções, a peça estará sendo apresentada no Teatro do Sesc, em Campos dos Goytacazes, no próximo dia 13, com início às 19h.
A diretora do trabalho, Danielle Martins de Farias, resume: “Por um lado, temos a ilusão de uma sociedade livre e mesmo permissiva; por outro, apresenta uma propensão ao controle social em nome da segurança, ao moralismo e ao sensacionalismo, criando pânico, multiplicando radicalismos, dando lugar ao temor generalizado e à intolerância em relação ao diferente”.
Danielle realça que a peça reflete o preconceito, a intolerância e a violência que assolam a sociedade como um todo: “Discute questões fundamentais de forte cunho humano e social, como o preconceito à homossexualidade, as pequenas atitudes fascistas do cotidiano, que levam a uma cultura da violência e sua espetacularização pela mídia”.
“O autor aproxima o espectador de questões complexas a partir de um acontecimento que se dá no seio de uma família como outra qualquer”, pontua a diretora acentuando que, paralelamente ao acontecimento principal (o assassinato do cachorro) “a peça mostra um amplo panorama da violência na sociedade em suas mais variadas formas e como esta onipresença acaba condicionando o comportamento das pessoas por sua banalização”.
De acordo ainda com Danielle, além de expor os paradoxos da contemporaneidade, a obra capta os impasses éticos, ideológicos e políticos do mundo atual dentro de uma estrutura de drama familiar, relacionando o lar ao zoológico.
“O preconceito e o ódio, não importam os seus alvos, são a base de um tema geral e irrestrito”, assinala a diretora ponderando: “Por trás dos diálogos, impõem-se a violência, seja ela literal, como nos pontapés que mataram o cachorro da família, ou manifestada nos fascismos cotidianos, nos traumas e na incomunicabilidade”.
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