Marcelo Neves avalia que a economia no estado do Rio deverá ser fortemente impactada Foto César Ferreira/Divulgação
‘Tarifaço’ de Trump reflete no preço do petróleo e ameaça economia regional
Medida de Donald Trump está em vigor desde o último dia cinco e fez o preço do petróleo despencar
Campos - Além da elevação tarifária de Trump, o aumento da produção também contribui para o preço do petróleo cair, afirma o secretário de Petróleo, Energia e Inovação de Campos dos Goytacazes (RJ), Marcelo Neves. Ele observa que o 'tarifaço' anunciado pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, em vigor desde o último dia cinco, fez o preço do petróleo despencar e já ameaça os municípios da região produtora.
Neves avalia que as tarifas globais de 10% anunciadas por Trump oficializam frontalmente o setor petróleo internacional: “Atualmente, o petróleo tipo Brent, referência mundial, fechou a US$ 64,95 por barril, uma queda de 10,73% no acumulado da semana passada. Isso impacta porque, com esse aumento tarifário, o medo de uma recessão global e diminuição do crescimento econômico mundial faz justamente com que a demanda por petróleo diminua”.
O secretário argumenta que o mercado de futuros está visualizando o quadro atual como uma possível queda na demanda mundial por petróleo: “Aliado a essa questão do aumento da produção, você joga mais oferta no mercado, o que faz com que o preço venha a despencar, refletindo fortemente nos municípios da Bacia de Campos”.
A análise de Neves reforça claramente a conclusão de que a economia no norte/noroeste do estado do Rio de Janeiro deverá ser fortemente impactada: “Por mais que tenha mudado nos últimos anos e diminuído a dependência dos royalties do petróleo, ainda há um impacto muito forte na economia dos municípios fluminenses e até mesmo no próprio estado do Rio”.
Os setores produtivos e de serviços são apontados entre os mais afetados diretamente: “Esse menor crescimento econômico impacta diretamente esses dois setores, que já são fortemente pressionados por conta do aumento da taxa de juros no Brasil”.
COMPROMETIMENTOS - Outro fator considerável é que a economia no estado do Rio tem no petróleo a sua grande força econômica: “Não só com as participações governamentais; mas também com todas as movimentações que a cadeia petrolífera gera, inclusive no Porto do Açu, que possui suas operações fortemente baseadas no petróleo”, enfatiza o secretário realçando que a redução nos orçamentos municipais compromete serviços essenciais, como saúde, educação, infraestrutura e serviços públicos em geral.
“A própria circulação de renda nos municípios fica afetada também, pois a indústria do petróleo movimenta a cadeia de fornecedores, hotéis, restaurantes, transportes e comércio”, pontua Neves acentuando que a redução de orçamento público também impacta obras e programas sociais. Porém, destaca que o município já adota algumas medidas que podem amenizar os impactos.
“O município vem investindo fortemente na diversificação da economia”, cita o secretário resumindo: “Essa diversificação vem ocorrendo com fomento a setores como turismo, energias renováveis, setor logístico e de serviços e agricultura. Nesse último, Campos hoje já é a maior produtora de soja do estado do Rio de Janeiro”. Outra forma listada é a qualificação profissional.
A proposta é preparar a população para aproveitar as oportunidades decorrentes de novos investimentos resultantes da diversificação econômica. A determinação que impõe uma tarifa adicional de 10% sobre as importações dos parceiros comerciais dos EUA foi publicada em uma ordem executiva da agência governamental US Trade Representative.
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