Por douglas.nunes

Em termos numéricos as cidades inteligentes e sustentáveis ainda são minoria. Mesmo assim, as smart cities conseguem chamar a atenção pelos projetos e pelo esforço em transformar grandes metrópoles em cidades que sejam uma espécie de organismo vivo do sistema social, através de soluções que respondem com eficácia às reais necessidades da população.
Destaque no conceito de smart city, a cidade de Coruña avança em seu objetivo de melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e do ambiente econômico e empresarial a partir da inovação tecnológica, posicionando o município galego como referência de gestão eficiente no âmbito das metrópoles do futuro.

Coruña prevê a integração de toda a cidade em uma rede sofisticada%2C sem perder de vista o cidadão Divulgação

Com projeto liderado pela Indra, a cidade galega é uma das primeiras a receber uma plataforma de gestão integral de uma Cidade Inteligente. “O foco desse projeto é a concepção do cidadão como centro da cidade. A partir daí, se desenvolvem todos os serviços. Coruña Smart City presume um novo modelo de gestão e uma nova forma de se comunicar com os cidadãos. Toda a informação gerada pela cidade será compartilhada entre os diferentes agentes envolvidos em seu desenvolvimento (a cidadania e os setores público e emrpesarial) e, desta forma, permitir administrar e tomar decisões de maneira transversal”, explica diretor do Centro de Excelência de Smart Cities da Indra, Jordi Marín.

O projeto de Coruña está na integração de todos os serviços, mas sem excluir o cidadão, que também poderá cumprir papel importante no processo de “reconstrução” inteligente da cidade. Por meio de dispositivos móveis, como um smartphone, por exemplo, um cidadão poderá partilhar ideias para melhorar determinadas áreas da cidade, ou avisar sobre uma emergência, que seria notificada às demais pessoas que se encontrassem no local afetado. Além disso, a informação recolhida na cidade também poderá ser explorada para criar serviços e desenvolver novas aplicações smart, que complementem o que é oferecido pela própria administração pública.

A “inteligência” da cidade, chamada de transversal pela Indra, reside em uma plataforma que funciona como o “cérebro” da administração. A partir daí, toda a rede de dados obtidos de múltiplas fontes (mobilidade, tráfego, eventos, meio ambiente, consumos, entre outros) e dispositivos é capaz de integrá-los e transformá-los em informação relevante, não somente para os cidadãos, mas para os gestores, o que ajuda a tomar melhores e mais adaptadas decisões às necessidades da cidade.

Outro importante ponto do projeto constitui o desenvolvimento econômico e empresarial que impulsiona um empreendimento com essas características. Atualmente, há 26 empresas trabalhando na Coruña Smart City, que vai se tornando um exemplo de geração de emprego e desenvolvimento empresarial.

Serviços urbanos baseados na eficiência dos recursos — como recolhimento de lixo, iluminação inteligente ou integração de serviços de segurança e emergências, além de infraestruturas avançadas para dar suporte a serviços - colocam Coruña como uma referência mundial pela transversalidade proposta de seu projeto.

“A tecnologia é um fator chave em um projeto de smart city. Acreditamos que uma cidade inteligente é a soma de dois fatores: a própria evolução das metrópoles (mais população, maior gasto de recursos, maior número de riscos ambientais etc.), aliada à revolução tecnológica (big data, inteligência artificial, sensores, dispositivos de baixo consumo, sistemas de visualização avançada 3D). Entretanto, a tecnologia nunca é o fim. O centro é o cidadão, como receptor e participante na gestão da cidade”, destaca Marín.

Principais experiências incluem a mobilidade

A cidade de Medellín, na Colômbia, também caminha a passos largos rumo ao futuro e, em 2012, deixou Nova York e Tel Aviv para trás, sendo eleita a mais inovadora metrópole do mundo pelo ranking anual do Urban Land Institute. A cidade foi reconhecida por seu diferencial na implementação de projetos eficazes para a melhoria da mobilidade urbana.

O sistema de transporte público do município colombiana permitiu uma integração intermodal de sucesso, o que reduziu a quantidade de engarrafamentos pela cidade. A integração de todos os seus sistemas de transporte público, como o BRT e o metrô, possibilitou a transição dos passageiros de forma rápida e eficaz, o que evita deslocamentos desnecessários. A cidade também recorreu à tecnologia para avançar no seu projeto de mobilidade. Em Medellín, todo o tráfego da cidade é administrado pelo Sistema Inteligente de Mobilidade de Medellín (Simm), que trabalha com o objetivo de melhorar o fluxo de veículos e reduzir ocorrências nas vias.

Já em Hong Kong, cidade conhecida por seus trabalhadores altamente qualificados, os projetos estão voltados especialmente para a mobilidade urbana e para a sustentabilidade. Na metrópole, grandes projetos sustentáveis de transporte foram criados para ajudar a reduzir as emissões de carbono e permitir tempos de deslocamento cada vez mais baixos. Para a cidade foi desenvolvido um plano de mobilidade urbana eficaz que elegeu como principal meio de transporte os metrôs, os trens e o BRT, que transportam mais pessoas em menor tempo.
Já na experiência da cidade espanhola de Málaga, o conceito de smart city foi lançado ao introduzir um novo modelo de gestão urbana da energia, numa tentativa de melhorar a eficiência energética, reduzir as emissões de CO2 e mudar o consumo para energias renováveis — exemplo que foi seguido pelo Brasil, e já está em fase de projeto-piloto em Búzios, no Estado do Rio de Janeiro.

Na América Latina, a formação de cidades inteligentes tem ocorrido de forma mais lenta, mas com projetos que estão no caminho certo. Santiago do Chile, Cidade do México e Bogotá são algumas das metrópoles que investiram em soluções para melhorar o tráfego, controlar a poluição e promover a educação tecnológica.

Bogota, por exemplo, concentrou esforços para diminuir os problemas com a mobilidade. Ao apostar no transporte alternativo, construiu, em menos de uma década, mais de 600 quilômetros de ciclovias. Hoje, cerca de 6,5% da população opta pela bicicleta. <MC2>BD

Você pode gostar