Fernando MansurO DIA

Antônio (nome fictício) é um jovem de 43 anos, morador eventual de ruas e usuário de cola. Vive de biscates e de sua prontidão em servir ao próximo de algum modo.
Num sábado desses, nós nos encontramos e ele começa a falar de política. Em síntese, ele acha muito estranho essa polarização esquerda-direita, um lado tentando excluir o outro. Exemplifica com uma analogia: para eu me manter em pé e caminhar preciso das duas pernas, da esquerda e da direita, senão posso me desequilibrar e cair.
E faz uma pergunta: será que tudo que a direita faz está errado, ou o contrário, o mesmo questionamento valendo para a esquerda? Parece que foi o filósofo Jean Paul Sartre que cunhou a frase: “Se partido fosse
bom não teria esse nome”.
Membros fieis mudam de lado seguidamente, ideias se renovam e autocríticas acontecem. O outro extremo do raciocínio polarizado é a pretensão de querer harmonia a todo custo. Aqui insiro um trecho do livro “João de Ferro”, de Robert Bly, p. 165: “A xilogravura alquímica diz que uma criança não se tornará adulto enquanto não superar o desejo de harmonia, escolher a coisa preciosa e entrar numa jovial participação nas tensões do mundo”.
“Na discordância encontra-se o equilíbrio do universo”, disse um Mestre. A polarização excessiva é limitante e está tornando o mundo um espaço de difícil convivência. Quando aprenderemos a agir e reagir como adultos em nossas discordâncias? Que alguns grandes líderes consigam enxergar e mostrar a importância
das duas pernas para manter o país em pé!!! Vamos!
Fernando Mansur