Fernando MansurSABRINA NICOLAZZI

Baseada em um romance de Antony Dooer, a série da Netflix “Toda luz que não podemos ver” é um primor de sensibilidade. O enredo nos conecta com o melhor e o pior do ser humano e inspira-nos a ser melhores e a viver por isso e para isso.
Marie é cega e francesa; Werner Pfennig é alemão e um gênio dos aparelhos radiofônicos.
A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial. Marie e Werner, quando crianças, ouviam pelo rádio as aulas de um misterioso professor francês que conversava com os seus ouvintes sobre luz, ciência e imaginação. Os dois ficaram marcados pela magia dessas transmissões e nunca se esqueceram de que “a luz mais importante é aquela que não podemos ver”.
Quando jovem, Marie conhece o professor pessoalmente, e este lhe ensina a fazer transmissões pelo rádio e a irradiar mensagens cifradas para os aliados.
Apesar de ter sido treinado pelos alemães para ser um soldado exemplar e identificar transmissões como essas, Werner nunca cedeu à poderosa lavagem cerebral a que foi submetido e manteve-se fiel à sua própria frequência, à essência de sua alma.
A força suprema de um ideal elevado e a chama da esperança acesa nesses dois jovens os mantiveram vivos naquela época de insanidade, em que “quase todos se tornaram maus”.
Marie caminha com o pai pela praia e conhece o mar. Ouve o barulho das pequenas ondas indo e vindo, e comenta: “Parece a respiração de alguém dormindo”.
E o pai: “Parece o mundo tomando fôlego novamente”.
Será que em algum lugar ainda existe a frequência 13.10, ondas curtas... quando “as palavras se escolhiam sozinhas quando o professor falava” e enchiam o mundo de sentido?