Fernando MansurSABRINA NICOLAZZI

Ibn Arabi é conhecido em grande parte do mundo como um elevado mestre espiritual. Nascido em 1165 na cidade de Múrcia, Espanha, tornou-se uma referência do misticismo neoplatônico islâmico, denominado Sufismo.
Depois de passar sua juventude em Sevilha, sua missão espiritual o levou a viajar pelo norte da África – Marrocos, Tunísia e Egito – até chegar finalmente ao Oriente, onde viveria o resto de sua vida, morrendo em Damasco, capital da Síria, aos oitenta anos de idade.
Deixou uma vasta obra em prosa e poesia, que tem a qualidade de falar a pessoas de diferentes crenças e modos de vida. Seus escritos proporcionam um olhar atento e amoroso sobre a prática da vida espiritual na tradição sufi.
Há poucos livros dele traduzidos no Brasil. A editora Bismillah acaba de lançar “A Epístola das Luzes”. Outra publicação em língua portuguesa é “Os Sete Dias do Coração – Preces para as noites e os dias da semana”, Editora Attar. Dele, retiro o seguinte trecho, pp. 18-19:
Quando um navegante busca orientar-se por meio das estrelas, é porque deseja ir a algum lugar. Para aqueles que não querem ir a parte alguma, as estrelas são mudas. Lançar-se, portanto, na busca do próprio destino, daquilo “a que se aspira”, é a condição para que o Céu se ponha a falar. Escutar as respostas que se dirigem a essa – e só a essa – aspiração equivale a tornar-se obediente.
De fato, é porque o navegante obedece ao que está escrito nas estrelas que ele pode ser livre para ir aonde quiser. É nesse sentido que o sufi é integralmente submisso ao Corão – ou à Realidade – como Lei revelada, como Caminho. Caminho que leva ao encontro da aspiração.
Que tenhamos o mérito de saber “ver e ouvir estrelas”, aquelas que cintilam no céu de nossa Alma, mostrando-nos o rumo que devemos seguir e nos dizendo: Vamos!