Fernando MansurSABRINA NICOLAZZI

Por um instante deixarei de pensar com “a cabeça” viciada, permitirei aos pensamentos fluírem em liberdade, como desde o momento em que foram criados. “Não há nada de novo sob o sol”. Pensamos pensamentos já existentes e que descansam no grande reservatório do universo, à espera de que os solicitem.
Como alcançar a corrente de pensamentos límpidos e puros, como quando foram irradiados pela primeira vez? Pensamentos imaginativos, criativos, indo e vindo daquele onde além da concretude.
Durante essa pausa milagrosa e regeneradora, sentimentos impacientes querem entrar em cena, mas ainda não receberam permissão. Enquanto isso, amontoam-se como na porta de um estádio, esperando a hora de se abrirem os portões. Aí, eles entrarão como uma avalanche de emoções tomando conta de todos.
Tudo isso para dizer que às vezes precisamos fazer um jejum de pensamentos, meditar naquele silêncio sem palavras, tentando ouvir a voz insonora das verdades primitivas, revivendo um tempo em que o tempo ainda não existia, mas esperava a hora de entrar em cena e ocupar o seu espaço.
Paciência, “o corpo pede um pouco mais de calma. O mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo, o mundo espera de nós”...
Os poetas das canções são os filósofos que enchem a existência de esperança, sonhos e ritmo.
O corpo agradece uma pausa, esse jejum de turbulências, um momento de plenitude, o ser sem rótulos, sem cismas, sem pré-ocupações, a confiança no fluxo da vida, a certeza de que tudo está no seu lugar, graças a Deus!
Este texto foi escrito depois que assisti a uma entrevista com a poeta mineira Adélia Prado, pura poesia em forma de gente. Os deuses falam por meio deles.
Ouçamos. Paremos. Vamos!