O espiritismo é insistente em nos apontar o orgulho e o egoísmo como os geradores de todas as nossas falhas de caráter. E o ciúme não escapa a essa regra, analisa Morel Felipe no Blog Letra Espírita.
Você conhece alguma pessoa ciumenta, certamente. Não nos referimos ao ciúme comum, aquele que dizem que é o tempero do amor. Morel fala do ciúme doentio, que foge dos limites do aceitável. O espírito traz consigo, ao reencarnar, suas características adquiridas no curso de muitas vidas. Essas características desabrocham logo na infância na forma de tendências. Se não forem detectadas e modificadas desde cedo, essas características se desenvolverão livremente.
O espírito mantém um padrão de comportamento que o acompanha ao longo das múltiplas reencarnações. Faz parte da sua lenta e gradativa evolução. A nossa maneira de pensar e de sentir, o nosso modo de ação e reação, é trazido de outras existências. A formação da sua personalidade na infância, segundo Morel Felipe, apenas utilizou o seu material espiritual.
O ciúme não escapa a essa regra. O ciúme é egoísta. Ele rouba a liberdade do outro, tentando obrigá-lo a seguir por um caminho estreito ou, pior, aprisioná-lo. O ciúme é um exercício enlouquecido de poder, de dominação e de aprisionamento do outro.
A pessoa ciumenta não sabe diferenciar imaginação e realidade, não sabe distinguir fantasia e certeza. Qualquer dúvida em sua cabeça logo se transforma em delírio. A vítima do ciumento se sujeita a ter seus pertences revistados em busca de vestígios que nem imagina do que seja. O ciumento tem ciúme do passado do outro, dos seus relacionamentos anteriores, e vive imaginando detalhes sobre fatos verdadeiros ou não. 
O que o ciumento quer é o controle total e absoluto dos sentimentos, da atenção e do comportamento em geral do outro, pontua Morel Felipe. A vítima passa por situações vexatórias, isto, quando não impera a violência. Quantos crimes passionais devem sua origem ao ciúme doentio? Quantos casos de mulheres que se sujeitam à violência doméstica por depender emocionalmente ou economicamente do parceiro?
Ciúme não é amor, destaca Morel. Pode estar relacionado a amor, mas refere-se a um amor que está doente. É um sentimento profundamente egoísta que envolve um medo insuportável de perder o parceiro para outra pessoa. Mesmo que essa pessoa só exista na imaginação do ciumento. O ciumento é alguém
com a autoestima baixíssima, que não confia em si e nos seus sentimentos.
Julga o outro pelos seus pensamentos mórbidos. O ciúme, assim como outros sentimentos como raiva, mágoa, inveja, desencadeia uma série de doenças. Essas doenças podem se manifestar já nesta encarnação ou acompanhar o espírito até uma próxima oportunidade na matéria para expurgar essas energias negativas, esse lixo mental e emocional.
É importante que o ciumento e sua vítima se conscientizem da necessidade de ajuda. Além da própria personalidade desajustada do ciumento, há interferência de espíritos obsessores nessas situações. Mas de nada adianta tratamento desobsessivo se não houver o propósito firme de uma reforma
íntima urgente.
Só com a vontade real de se ajudar, de colaborar consigo mesmo, pode ser efetivada uma melhoria significativa. Isso vale para o ciumento e também para o seu parceiro, que é vitimado pelo seu ciúme. Morel Felipe salienta que nunca é demais lembrar que ninguém é vítima por acaso. O acaso não existe. Tudo o que nós colhemos é o que um dia nós plantamos…