além da vida10junARTE PAULO MÁRCIO
O espírito arrependido deseja que, ao chegar a sua nova encarnação, ele esteja um pouco mais purificado. O espírito compreende as imperfeições que o deixam infeliz e, por isso, passa a aspirar a uma nova existência em que possa expiar suas faltas. Já no estado corporal, o arrependimento faz com que na vida atual, o espírito progrida. Quando a consciência lhe mostra uma imperfeição, o livre-arbítrio permite que o indivíduo melhore.
É óbvio que haverá sempre espíritos que, por serem maus, se conservem indiferentes à sua sorte. Neste caso, sofrem, apesar de desejarem abreviar seus sofrimentos. Só que lhes faltam energia suficiente para recorrerem ao que os pode aliviar. Quantas pessoas você conhece que preferem passar necessidades invés de trabalhar?
Existem espíritos – inferiores -, acessíveis aos bons sentimentos e às preces que fazemos por eles. A prece só tem efeito sobre o espírito que se arrepende. Com relação aos que impelidos pelo orgulho, se revoltam contra Deus e persistem na prática do mal, a prece de nada adianta. É importante salientar que o espírito não se transforma subitamente, após a morte do corpo. Se viveu vida condenável é porque era imperfeito. E a morte não o torna imediatamente perfeito, podendo persistir nos seus erros.
A purificação pelas faltas cometidas, isto é, a expiação, se cumpre no estado corporal, mediante as provas a que o espírito se acha submetido. Na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do espírito. Não basta o arrependimento durante a vida para que as faltas do espírito se apaguem. O arrependimento concorre para a melhoria do espírito, mas antes, ele tem que expiar o seu passado.
Desde esta vida poderemos ir resgatando as nossas faltas, reparando-¬as. Isso não acontece distribuindo esmolas nos sinais de trânsito. A espiritualidade não dá valor a um arrependimento estéril, principalmente baseado em bens materiais.
Só por meio do bem se repara o mal. A reparação não acontece porque atingiu o indivíduo no seu orgulho e nos seus interesses materiais. De que serve, depois de morrer, os bens adquiridos, quando se tornaram inúteis? De que serve privar - se de alguns prazeres fúteis, se permanece integral o dano que causou aos outros? E mais: de que serve prostar-se de joelho clamando por perdão, se perante os homens conserva o seu orgulho?
Pior é aquele que só depois de morto, é mais egoísta do que generoso. Quer ter o fruto do bem, sem o trabalho de praticá-lo. Bom mesmo é aquele que, em vida, privando-se de algo, tem o verdadeiro prazer de ver felizes os que estão ao seu redor. O problema é que o egoísmo fala mais alto do que o desinteresse e a caridade, quando o indivíduo dá prioridade à acumulação de bens.
O arrependimento não é sentir medo por causa das consequências, invés do remorso pelo dano que causou a outras pessoas. O arrependimento é o passado que continua, é a indigestão da alma. Um conselho: se você estiver fazendo algo de que vai se arrepender amanhã de manhã, durma até mais tarde.
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