A ansiedade é uma das doenças características deste século. Numa palestra da Associação Espírita Fé e Caridade o tema foi analisado à luz do Espiritismo. A gente sabe que a ansiedade é uma emoção natural, um mecanismo de sobrevivência ao passarmos por situações perigosas. A ansiedade gera um estado de alerta e expectativa sobre o que está por vir.
A ansiedade excessiva, contudo, se transforma em transtorno psicológico, quando imagina-se a antecipação de uma ameaça iminente, real ou imaginária. Isso traz perturbações físicas, como por exemplo, na respiração, na digestão e no sono, nos deixando irritadiços e acelerados ou mesmo, abatidos e desesperados.
A ansiedade, como foi destacada na palestra da AEFC, é um transtorno que traz desequilíbrio. O ansioso não consegue lidar com o presente, porque há excesso de futuro. E isso corrói a alma. A ansiedade é um fenômeno muito antigo, sobre o qual Jesus já falava há mais de dois mil anos: “...não vos inquieteis com o amanhã, pois o amanhã se inquietará consigo mesmo”. O espírito Emmanuel cita a ansiedade como um dos piores corrosivos da alma.
A ansiedade patológica faz parte da nossa sociedade. Hoje, vivemos submetidos a muita pressão para produzir cada vez mais, a ponto de suportar um alto nível tolerável de estresse. De um lado, testemunhamos conquistas extraordinárias na tecnologia. De outro, infelizmente ainda não conseguimos encontrar a harmonia dos sentimentos e o equilíbrio das emoções.
Vivemos numa era de urgências e respostas rápidas. Nas redes sociais e nos aplicativos de mensagens instantâneas, chegamos a pensar que seremos desaprovados se não respondermos imediatamente. Como destacou a Associação Espírita Fé e Caridade, acabamos nos sentindo obrigados a estar o tempo todo conectados para não “perder” nada. Estamos induzidos a pensar cada vez mais depressa e mais superficialmente.

A quantidade de coisas que nos chega transborda nosso limite de processamento. Além disso, há uma criação artificial intensa de necessidade por bens de consumo. E tão logo esses bens são consumidos, surgem novas necessidades materiais. Como foi salientado na palestra da AEFC, existe o desejo pelo novo, como oportunidade de ser melhor e diferente do outro.
Assim é o ser humano moderno: eternamente insatisfeito e frustrado com a realidade, preso nas seduções. O fato é que estamos acostumados ao imediatismo, e queremos solucionar as novas demandas num estalar de dedos. E quando não conseguimos, nos sentimos frustrados, agoniados e impacientes. E aí, a ansiedade nos leva à depressão quando não atendemos a nossas expectativas.
Afinal, qual é o movimento que minha alma está sinalizando quando apresenta os sintomas de ansiedade? Vivemos um estado de desumanização nos dias atuais, isto é, da desconexão do indivíduo em relaçãoa quem realmente se é, para atender uma sociedade de aparências. Onde se valoriza oterem detrimento doser.
Há uma supervalorização da imagem, que vale mais do que a realidade, pontua um trecho da palestra da Associação Espírita Fé e Caridade. Todos parecem viver como se precisassem ser visivelmente felizes e vencedores para os outros. Existe o medo de ser quem se é, de não ser aceito, de ter que ser mais e melhor constantemente. Dessa forma, a pessoa tenta ser alguém inalcançável. E quanto mais cultuamos esse ideal, mais nos tornamos presas dele.
Isso tudo é gerador de ansiedade. É um ciclo vicioso, porque não conseguimos atingir as exigências sociais e temos receio de sermos rejeitados. Ao colocar o mundo material acima das necessidades espirituais, o indivíduo que tem ansiedade é quase sempre alguém que tem baixa autoestima.

Semana que vem, vamos abordar as formas de evitar que a ansiedade assuma o comando de nosso corpo e espírito.