Quando passamos pela dor da perda de um ente querido, é que nos damos conta de que a morte existe. É o momento, para muitos, do luto. E, apesar de não aguardá-la, a morte chega e nos pega, na maior parte das vezes, de surpresa. A Janaína Magalhães, na Letra Espírita, faz observações valiosíssimas sobre o nosso despreparo para a morte, mesmo nas mortes causadas por doenças, nas quais existe a possibilidade de se despedir do ser amado. Ainda assim, a reação de inconformismo ou até mesmo da revolta vem à tona.
Segundo os psiquiatras, são cinco os estágios da dor pelos quais o enlutado passa: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Durante esse período, que pode durar semanas, meses ou até anos, a dor não passa. Ao contrário, fica estagnada e corre o risco de se transformar em um luto patológico, ou seja, aquele que impede a pessoa de retornar às suas atividades cotidianas.
Sentir saudades é compreensível, mas esse sentimento deve ser trabalhado com o auxílio de terapia, por exemplo. É quando o enlutado poderá falar sobre a pessoa que partiu e refletir sobre o que a perda lhe trouxe de ensinamento. E aí, essas dúvidas são inevitáveis: a morte é o fim? A vida continua após a morte?
Para os que creem na reencarnação, a morte não existe, é apenas a transição de uma faixa vibratória para outra, sendo o espírito um ser imortal. Essa segurança na continuidade da vida promove a certeza de que em determinado momento todos irão se reencontrar.
Chico Xavier, lembra Janaína Magalhães, psicografava cartas de filhos que desencarnaram endereçadas às suas mães, com detalhes sobre seu desencarne que só a família sabia. Isso trazia a certeza da vida após a morte. Chico repetia: "O telefone toca de lá pra cá e não o contrário", ou seja, as manifestações acontecem atendendo a necessidade dos espíritos e não dos encarnados.
Outra forma de nos comunicarmos e auxiliarmos o ente querido que desencarnou é pela prece. Através dela, os amigos e familiares poderão sintonizar com o ser que se foi e enviar-lhes votos de paz e serenidade onde ele estiver.
Como enfrentar a dor da perda? Com o luto, fechando-se em copas? Um exemplo edificante é o do cantor e compositor Eric Clapton, que, ao perder seu filho de 4 anos, trabalhou seu luto e compôs o maior sucesso de sua carreira: 'Tears in Heaven' (Lágrimas no Paraíso). Quando nós espíritas aceitamos a separação do nosso ser amado (último estágio do luto), tudo se torna mais leve. Aceitar a morte não significa desistir da vida, mas com a aceitação, há um amadurecimento na confiança. Como destaca Janaína Magalhães, não há luta, mas uma abertura; todas as nossas resistências são abandonadas.
À proporção que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui. Uma vez esclarecida nossa missão terrena, aguardamos um fim calmo, resignado e sereno. Como definiu Amado Nervo, "aqueles que amamos nunca morrem, apenas partem antes de nós" (Amado Nervo).
Átila Nunes