Juan Paiva, Buchecha e Lucas Penteado na pré-estreia de 'Nosso Sonho' Anderson Borde/ AgNews
Com o meu molejo de dançarino de pebolim, acompanhava cantando e lembrando de quando rompi, pela primeira vez, a barreira do asfalto. O baile funk do Tabajaras, mezzo Copabacana, mezzo Botafogo, mexia com o imaginário dos anos 90. Ou você conhecia ou não tinha muito assunto na segunda pela manhã em uma escola de classe média da Zona Sul ou no corredor apertado de um prédio de apês de 80 m². Ainda bem que, mesmo sendo um nerd incontrolável, eu tinha.
Buchecha e Claudinho ou Claudinho e Buchecha sempre me pareceram uma antítese do que se convencionou. Mc Marcinho era só. Mc Serginho, querido, estava acompanhado por Lacraia, que era dançarina, mas não soltava o gogó. Bonde do Tigrão, como o nome já antecipa, é um grupo. Claudinho precisava de Buchecha – e vice-versa. No dia do Tabajaras, iria rolar o show deles. O problema é que atrasaram e tive que abandonar o barco. Classe média do interior tem horário. Perdi a chance de acompanhar um fenômeno.
Lá pela quinta música no Jockey, comecei a ficar emocionado com Buchecha só. Espremendo os lábios e baixando levemente os olhos, tentava, em vão, conter as lágrimas. Bobagem. No fim das contas, Claudinho me retornava ao tempo que o maior problema era saber a fórmula de Baskara. Tava com meu pai. Tava com meus avós. Tava com meus primos jogando bola em um campo improvisado na casa dos meus tios em Petrópolis – acreditem, uma pedra era goleadora. Não sabia o que era conta de luz e o que significava a palavra contador. Saudade.
O show acabou da mesma maneira que começou: com vontade de quero mais. Ainda buscando a saideira, senti o mesmo do Tabajaras. O Rio faz isso com a gente. Parecia que ia perder algo grandioso. Sempre podemos perder algo enorme por aqui. Um evento. Uma amizade. Um amor. Um parceiro de caminhada. Um Buchecha sem Claudinho. Virei o copo e segui. Segui olhando pra trás. Que cidade, meus amigos. Que cidade, senhores e senhoras!
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